19.12.09

DESEMPENHO DO SETOR FLORESTAL BRASILEIRO EM 2009

Em 2009, o setor florestal, à semelhança de outros setores da economia brasileira, apresentou indicadores, na maior parte do ano, negativos, como reflexo principal da crise financeira mundial, iniciada em 2008. Os impactos foram mais fortes em alguns segmentos do que em outros, porém, no

geral, mais intensos e permanentes do que previa governo e comerciantes. No segundo semestre de 2009, a economia mundial esboçou sinal de recuperação e trouxe certo ânimo para o desempenho final do setor florestal, porém, não o bastante para levá-lo aos níveis de meados de 2008. As expectativas para 2010 são de que a economia mundial irá manter-se em recuperação e trará um ano mais promissor para o setor.

Celulose e Papel

Analisando o segmento de celulose e papel, percebe-se que esse apresentou comportamento diferenciado entre o primeiro e segundo semestre de 2009. No primeiro semestre, os preços da celulose e do papel A4 tiveram, no mercado interno, queda de 3,77% e 0,09% ao mês, respectivamente, e os preços do papel offset em bobina, alta média de 0,62% ao mês. No segundo semestre, a situação reverteu-se para os preços da celulose e do papel offset em bobina. Nesse período, os preços da celulose aumentaram 5,39% ao mês, devido ao reaquecimento da demanda, e os preços de papel A4 e offset em bobina reduziram-se em média 0,30% e 1,25% ao mês, respectivamente. Contudo, quando se analisa o ano de 2009 como um todo, verifica-se que o incremento nos preços da celulose de fibra curta foi mais ameno em relação ao apurado nos anos anteriores, ou seja, cerca de 1,20% ao mês, e os preços do papel reduziram em média 0,30% ao mês. Esse fraco desempenho do segmento de celulose e papel, em 2009, pode ser explicado pela queda das vendas para o exterior em face da retração da demanda mundial.

Produtos Florestais Não-Madeireiros

Em meados de outubro de 2009, o governo sinalizou que estava preparando a realização de leilões da PGPM para a borracha natural, atendendo ao pleito feito pelo setor por meio da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Borracha Natural (CSBN) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No entanto, diante da reação dos preços domésticos, a realização dos leilões não se justificou. Em relação ao mercado da

borracha natural, o segmento produtor sentiu os efeitos da crise econômica mundial em dezembro de 2008, cerca de dois meses depois dos preços

internacionais sofrerem forte queda. O atraso se explica pela metodologia de formação do preço da borracha brasileira – coleta-se dados durante dois meses e o preço obtido é utilizado durante os dois meses seguintes.

No curto prazo, a tendência é de elevação dos preços ao mesmo patamar que se encontravam antes da crise. "A expectativa é que o preço do GEB-1

ultrapasse R$ 5,00 em fevereiro de 2010", afirmou Heiko Rossmann, diretor da APABOR, com sede em São José do Rio Preto-SP. "Com isso, o heveicultor paulista deverá receber, em média, R$ 1,85/kg de coágulo", concluiu. As discussões sobre a reforma do Código Florestal também têm

sido acompanhadas pelo setor heveícola... O adiamento do prazo para o cumprimento da legislação ambiental quanto à recomposição da Reserva Legal (RL) é vista pelo dirigente da APABOR como uma verdadeira oportunidade para os proprietários rurais, especialmente aqueles do Estado de São Paulo, onde existe legislação permitindo o plantio de seringueira em meio às espécies nativas.

Carvão Vegetal

O ano termina com uma conjuntura bastante desfavorável para o carvão como uma atividade econômica. A ampla e atual divulgação acerca das restrições que a sociedade e o governo têm imposto à atividade tornam a mesma quase que totalmente ilegal ou inexequível. São restrições já impostas ou em vias de implantação, por meio da legislação e por exigências do comércio e do consumo do produto. Os apelos para a redução das emissões de CO2 levados a reunião mundial de mudanças climáticas em Copenhague podem dar contornos ainda mais dramáticos a crise que o setor enfrenta na medida em que metas de combate e redução da devastação de matas nativas e de controle da atividade sejam colocados como inadiáveis. O ano termina com um preço relativamente baixo para o carvão e um ambiente sócio, político e econômico, de fato, bem restrito.

Móveis

Para o setor moveleiro, o ano de 2009 foi bastante desfavorável e a conjuntura atual é de pouco otimismo, prevalecendo ainda um quadro obscuro de poucas comemorações para o fim de ano. A redução do IPI feita pelo governo e amplamente desejada pelo setor não arece ter tido o efeito desejado.

O aumento dos preços de outros insumos poderá impedir que a redução seja repassada para o setor varejista e, ou, para os consumidores finais. O comércio já em clima de vendas de final de ano terá a resposta se o setor foi ou não beneficiado com a medida. A maior parte dos potenciais consumidores, no entanto, podem ter já aproveitado a redução do IPI dos produtos da "linha branca" e agora, no final do ano, destinar os recursos para

a compra bens mais supérfluos deixando móveis para mais tarde. Outro fator desfavorável agravando a atual conjuntura do setor de móveis é a sua forte dependência das exportações que no momento estão bastante reduzidas, uma vez que foram enfraquecidas pela crise econômica internacional que impacta todo o comércio mundial. Além disso, as exportações enfrentam barreiras protecionistas de alguns países importadores, como, por exemplo, da Argentina, o que já teria provocado, nesse ano, uma queda de 53% das importações deste país.

Madeira Processada

Em 2008, a conjunção de crise mundial, a retração de consumo e a diminuição das exportações de madeira criou um cenário que prejudicou significativamente o setor. Os negócios para o mercado externo praticamente se mantiveram estáveis neste ano de 2009. No segundo

semestre deste ano, apesar de uma melhora no setor madeireiro e na indústria de modo geral, os negócios ainda não voltaram aos patamares anteriores à crise. No entanto, há uma expectativa de que nos próximos meses a conjuntura possa melhorar para todo o setor madeireiro em

vista da redução do IPI, da retomada do mercado interno, da inicialização das obras para copa de 2014, da recuperação da economia norte americana e, possivelmente, dos resultados da COP 15.

Equipe Técnica:

Naisy Silva Soares – Economista, MS. Ciência Florestal

Alberto Martins Rezende – Eng. Agrônomo, MS. Economia Rural

Márcio Lopes da Silva – Eng. Florestal, DS. Ciência Florestal

Altair Dias de Moura – Eng. Agrônomo, PhD. Agribusiness Management

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