8.12.09

PLANO DE MANEJO FLORESTAL (CAPITULO 9)

PROTEÇÃO DA FLORESTA
CONTRA O FOGO


APRESENTAÇÃO

A Floresta Amazônica tem sofrido grandes transformações devido à ocupação recente da região. A sua paisagem atual é um mosaico composto por florestas intactas, florestas exploradas para fins madeireiros, capoeiras, pequenas roças e pastagens.


A floresta virgem na Amazônia possui um dossel quase fechado que protege o solo e o sub-bosque contra a incidência solar. Mantendo-se sempre verde e úmida, raramente ocorre fogo nessa floresta, embora, em casos de secas muito severas, como ocorre durante os anos de El Niño, ela possa perder a capacidade de se manter imune ao fogo. Por outro lado, as áreas de mata explorada, capoeira, roça e pastagem são suscetíveis ao fogo. Nessas áreas, o fogo pode surgir de diversas formas, incluindo a queda de um raio, queimadas para o estabelecimento de pasto ou roça, acidentalmente ou ainda de forma criminosa.

COMPORTAMENTO DO FOGO EM DIFERENTES AMBIENTES

Pastagem. Durante o verão, o capim seca e o pasto transforma-se num grande depósito de material comburente. Em alguns casos, basta um a dois dias sem chuva para que o pasto pegue fogo. A ignição pode ser iniciada por um fósforo aceso, ou ainda a partir da queimada em área vizinha.
Capoeira. As capoeiras que fazem limite com os pastos são menos suscetíveis ao fogo. Pois, no solo da capoeira há menos material comburente. Além disso, esse material está menos exposto ao sol. Desta forma, são necessários no mínimo uma a duas semanas sem chuva para que sejam criadas condições favoráveis a incêndios.
Entretanto, no final do verão, é comum observar grandes extensões de capoeira atingidas pelo fogo que teve início no pasto. Pois, a alta temperatura dos incêndios seca mais rapidamente as áreas limites entre esses dois ambientes.


Mata explorada. As clareiras, formadas pela queda das árvores, e a abertura de estradas e pátios na exploração madeireira criam diferentes ambientes com áreas intercaladas de manchas de floresta. A queda de duas ou mais árvores num só lugar, por exemplo, cria clareiras grandes (maiores que 300 m2), onde, geralmente, há um grande acúmulo de material comburente e alta incidência solar. Nesse ambiente, os incêndios podem ocorrer após uma semana sem chuva no verão, enquanto nas clareiras pequenas (menores que 150 m2), criadas pela queda de uma única árvore, o fogo pode ocorrer somente após duas a três
semanas sem chuva.
Dentro da área de exploração restam "manchas de floresta" (áreas que não foram exploradas porque não continham árvores de valor madeireiro). Nesse ambiente, a liteira seca mais devagar e, geralmente, precisa de uma estiagem de cerca de um mês no verão para que o fogo possa penetrar. Lembrando que estiagens de um a dois meses são comuns na Amazônia Oriental.

IMPACTO DO FOGO NA FLORESTA EXPLORADA

O fogo na floresta explorada causa a perda de madeiras de valor que poderiam ser aproveitadas em colheitas futuras. Pesquisas realizadas pelo IMAZON constataram que incêndios na floresta explorada, geralmente, provocam a morte de 45% das árvores remanescentes com DAP maior que 10 cm durante um período de um ano e meio após o fogo.
Além disso, incêndios na mata podem destruir as mudas de espécies comerciais (regeneradas naturalmente ou plantadas) e, assim, afetar a capacidade produtiva da floresta. Após o fogo, a regeneração predominante é formada por árvores pioneiras sem valor econômico, por exemplo, a embaúba (Cecropia sp.) e o lacre (Vismia sp.).


MEDIDAS PARA PROTEGER A FLORESTA EXPLORADA DO FOGO

É possível evitar a ocorrência de incêndios na floresta explorada através de três medidas:

· adoção do manejo florestal (especificamente, medidas para reduzir a abertura do dossel e o volume de madeira danificado);
· quebra-fogo (natural e aceiro);
· exploração de talhões intercalados.

Manejo Florestal

As técnicas de manejo, tais como planejamento das estradas e ramais de arraste, corte direcional e corte de cipós reduzem a abertura do dossel e diminuem o tamanho das clareiras. Desta forma, há menos material comburente e uma menor incidência solar sobre a mata explorada, reduzindo o risco de incêndio.

Um estudo do IMAZON revelou que o tamanho da abertura no dossel da floresta é 50% menor na exploração manejada do que na exploração convencional. Conseqüentemente, o número de dias ao longo do ano em que a floresta é capaz de incendiar é bem menor na exploração manejada.

Sistema de quebra-fogo

Pode-se estabelecer dois tipos de quebra-fogo para a proteção da floresta: o quebra-fogo natural e o aceiro. A implantação de quebra-fogos representa um investimento pequeno comparado aos prejuízos que o fogo causa. O custo resume-se ao valor de manter uma faixa de floresta, no caso do quebra-fogo natural, e em algumas horas de uso do trator no caso do aceiro.
Para implantar um quebra-fogo natural, deve-se manter intacta uma faixa de floresta virgem entre as aberturas (pastos e roças) e a floresta explorada. A faixa de mata virgem deve ter no mínimo 100 metros de largura.O fogo ateado nas pastagens não chega nas áreas exploradas, uma vez que a floresta virgem, em virtude do seu dossel quase fechado, mantêm-se úmida, resistindo à entrada do fogo.
Caso o fogo ameace invadir a floresta, pode-se retirar o material comburente do solo (folhas secas, galhos pequenos), usando vassouras de cipós para limpar uma faixa de cerca de 1 metro de largura. Essa limpeza dificulta a propagação do fogo.


Quando não há uma faixa de mata virgem ao redor da mata explorada, pode-se construir um aceiro,ou seja uma faixa sem qualquer vegetação (3 a 5 metros de largura) margeando a área explorada. Deve-se manter sempre limpo o aceiro para que sirva como uma proteção permanente. No caso de capoeiras, eliminar as árvores com altura maior que a largura do aceiro situadas no limite entre os dois ambientes, para que estas não sirvam como condutor de fogo no caso de incêndios.


Exploração de talhões intercalados


A exploração de talhões intercalados consiste em, a cada ano, explorar talhões que não
sejam vizinhos (ver como ordenar talhões no Capítulo 1). Por exemplo, em um conjunto de 12 talhões, cada talhão deve ser explorado pelo menos dois anos após a exploração dos seus vizinhos. Pois após esse período, a floresta volta a formar ambientes fechados que dificultam a penetração de luz e aumentam a umidade, criando, dessa forma, uma barreira natural contra o fogo.


CONCLUSÃO

As florestas exploradas sem planejamento na Amazônia, ao contrário das florestas virgens, são suscetíveis ao fogo. Pois, a abertura de clareiras grandes, comuns nesse tipo de exploração, permite o aumento da incidência solar sobre o chão da floresta, secando o material comburente ali depositado.
Para impedir que as florestas exploradas para fins madeireiros sejam atingidas pelo fogo, é aconselhável usar técnicas de manejo que favoreçam a redução da abertura do dossel da mata, bem como adotar medidas para conservar áreas de floresta virgem ao lado das florestas exploradas, tais como a implantação de quebra-fogos e a exploração de talhões intercalados.

Fonte:manejoflorestal.org

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