18.5.10
ONU Pretende Dar Valor à Preservação da Natureza
Um estudo que deverá ser divulgado em junho vai reabrir um debate quente entre economistas e ambientalistas, mas também ajudá-los a falar a mesma língua.
Intitulado A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB, na sigla em inglês), o projeto do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) pretende dar valor aos benefícios econômicos da preservação da natureza e aos prejuízos causados pela sua má utilização.
No geral, aponta que um investimento anual de US$ 45 bilhões na conservação da biodiversidade do planeta poderia estancar a perda de mais de US$ 2,2 trilhões dos serviços oferecidos pelos ecossistemas.
Apresentado esta semana em São Paulo pelo economista sênior do Pnuma, Pavan Sukdhev, o TEEB, que já está sendo chamado de "Relatório Stern da Biodiversidade" vem sendo discutido em vários países com o objetivo de integrar o setor privado ao debate sobre a destruição dos ecossistemas e o impacto que deve causar aos negócios.
O apelido aliás se deve à semelhança com o relatório do economista Nicholas Stern do Banco Mundial sobre os efeitos na economia das alterações climáticas nos próximos 50 anos.
Uma das principais conclusões de Stern é a de que, com um investimento de 1% do PIB mundial para diminuir as concentrações de carbono na atmosfera, pode-se evitar a perda de 20% do próprio PIB nesse prazo.
O TEEB traz uma estimativa das perdas do que Sukdhev chama de "capital natural", que resultam do desmatamento e da degradação.
Atividades e prejuízos
O valor de cerca de U$ 2,2 trilhões, obtido pela consultoria inglesa Trucost, considera o ano de 2008 e se refere aos efeitos na natureza de atividades das 3 mil maiores empresas do mundo de diferentes setores, incluindo emissão de gases que contribuem para o aquecimento global, uso da água e a liberação de vários tipos de substâncias e lixo no ambiente.
Seus analistas usaram modelos que incluem os materiais e processos utilizados pelas empresas, dados da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos e os próprios relatórios das empresas, quando disponíveis.
A ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, que esteve presente durante uma das apresentações de Sukdhev, na sede da Bovespa, adiantou que o governo tem a intenção de fazer um relatório TEEB do país, que seria desenvolvido pela Pasta em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (Ipea).
"A iniciativa é importante para quantificar os serviços ambientais da megadiversidade brasileira", disse.
Gerenciar a necessidade por alimentos, energia, água e matérias-primas, enquanto se busca diminuir os impactos na biodiversidade é um dos maiores desafios da sociedade, afirma Sukdhev.
O economista dá como exemplo o caso da extração de madeira para a construção civil e móveis na China. "Há 20 anos, os chineses perceberam que o cálculo do valor da madeira não incluía os prejuízos que a destruição das florestas causava - como as enchentes no rio Amarelo", disse.
"O custo real era 129% acima daquele aplicado à exportação do produto se os danos ambientais fossem contabilizados."
Fonte: Brasil Econômico
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