5.6.10

Minas Gerais lidera desmate da Mata Atlântica


Estado derrubou 12.524 hectares do bioma entre 2008 e 2010


Entre os anos de 2008 e 2010, Minas Gerais desmatou 12.524 hectares de Mata Atlântica, o equivalente a cerca de 12.500 campos de futebol. Assim, encabeça pelo segundo ano consecutivo a lista de estados brasileiros que mais contribuíram para a devastação desse bioma, bem à frente de Paraná (2.699 hectares) e Santa Catarina (2.149 hectares), conforme o “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, divulgado ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o estudo, a taxa de desmatamento aumentou cerca de 15% em relação à ultima pesquisa, realizada entre 2005 e 2008. Naquele período, o Estado perdeu 10.909 hectares de área de mata.

Minas Gerais também lidera o desmatamento da Mata Atlântica por municípios. As cidades de Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, ambos no Vale do Jequitinhonha, perderam 3.255 e 1.944 hectares de cobertura, respectivamente. Águas Vermelhas, no Norte de Minas, perdeu 783 hectares. Em seguida, o município de Pedra Azul, também no Vale do Jequitinhonha, desmatou 409 hectares, e São João do Paraíso, no Norte de Minas, 342 hectares.

Em Ponto dos Volantes, o Secretário de Agricultura do município, Gilson Sucupira, aponta que a devastação em alta é devido à demanda pelo plantio de eucalipto na região, nos últimos dois anos.

Ele acredita que a área de Mata Atlântica tem sido mantida dentro dos 20% de reserva obrigatórios em lei. Mas admite não saber como se dá a fiscalização pelos órgãos estaduais e federais.

A superintendente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, alega que ainda há autorizações para o desmatamento no bioma, mas que também há muitos cortes clandestinos. “O Estado não está conseguindo fiscalizar.

Minas é muito grande e essa fiscalização depende de decisões políticas”, diz, se referindo a um maior aporte de recursos para a contratação de pessoal, entre outras ações. “Temos visto representantes de muitas empresas ricas vindo pra cá para comprar terra. Há poucos dias, ficamos sabendo de uma pessoa que queria comprar uma fazenda de 5 mil hectares. Menos que isso, ele não aceitava. E é tudo para o plantio de eucalipto”, conta Sucupira.

A região, segundo ele, é boa para o plantio de eucalipto, mas afirma que a maior parte é plantada em áreas de Cerrado, “que antes não tinham muito valor comercial”. Ele acredita que o destino do cultivo seja para a produção de celulose. “Essas pessoas chegam, compram a terra e já têm a autorização para desmatar. Diante disso, não temos muito o que fazer”, alega.

As justificativas do secretário coincidem com as razões enumeradas pela coordenadora do Atlas, Márcia Hirota, para o desmatamento em Minas: expansão de fronteiras agrícolas, atividades agropecuárias e produção de carvão vegetal.

Ainda de acordo com o levantamento, Minas Gerais possuía, originalmente, 46% do seu território (ou 27.235.854 hectares) cobertos pela Mata Atlântica. Agora restam apenas 9,64%, ou 2.624.626 hectares. Apesar do desmatamento, é o estado brasileiro com o maior remanescente. São Paulo, com 2.304.854 hectares, é o segundo com maior cobertura do bioma.

O Governo de Minas reconhece os números absolutos apresentados pelo Atlas, mas alega que a taxa de desmatamento vem caindo. No período de 1995 a 2000, o Estado havia perdido 121.061 hectares, segundo o Governo.

Os dados governamentais apontam ainda que o número de municípios que desmataram a Mata Atlântica entre 2005 e 2008 era 405, e caiu para 159 neste último levantamento. O Governo informa que endureceu a legislação sobre o desmatamento e que tem investido em recuperação de áreas degradadas.


Osvaldo Afonso/Secom-MG
Corte de vegetação nativa para fabricação de carvão é um dos problemas enfrentados


Fonte: Hoje em Dia

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