8.8.10

As Florestas Plantadas de Eucaliptos e a Utilização de Agrotóxico

O termo agrotóxico é legislado no Brasil para se referir a produtos utilizados para combater organismos indesejáveis, tanto na agricultura, pecuária e silvicultura, como na própria sociedade urbana. São substâncias utilizadas para combater/matar as pragas e doenças (como insetos, larvas, fungos, bactérias, carrapatos, etc.) e controlar o crescimento de vegetação ("plantas daninhas"), entre outras funções. O termo agrotóxico, veio por lei para substituir a terminologia "defensivo agrícola", que era mais utilizada na agricultura. Isso foi fruto de uma mobilização da sociedade civil organizada, que estava querendo associar tais produtos ao seu efeito tóxico aos demais seres vivos e ecossistemas. Os agrotóxicos possuem ainda diversas sinonímias, como pesticidas, praguicidas, "remédios de planta", "veneno" e até mesmo "defensivos agrícolas". Em função de sua utilização específica, os agrotóxicos podem ser desdobrados em formicidas, inseticidas, herbicidas, fungicidas, carrapaticidas, raticidas, acaricidas, nematicidas, larvicidas, etc., etc. Acontece amigos, que o mundo tecnológico é bastante dinâmico: existem muitas inovações ocorrendo a nível global, especialmente nas áreas de biotecnologia, agro-ecologia, controle biológico de pragas, resistência de plantas a doenças e pragas, etc. Há ainda trabalhos voltados para desenvolver moléculas de menores níveis de toxicidade e até mesmo moléculas orgânicas extraídas de vegetais. Esperamos com isso, que em algumas décadas mais, o termo agrotóxico entre em obsolescência, já que outras maneiras para combater esses organismos indesejáveis poderão ter surgido. Como exemplo citamos: uso de feromônios, hormônios, pesticidas microbiológicos, repelentes a insetos, produtos para castração sexual das pragas, etc., etc. O Brasil, com sua vocação para o agronegócio, é um enorme mercado para a venda de agrotóxicos. Nosso país tem disputado com os Estados Unidos a primeira posição no ranking dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos. Das dezenas de produtos formulados no Brasil, a maioria são para herbicidas (44%), seguidos dos inseticidas e fungicidas (cerca de 28% cada). Trata-se definitivamente de um mercado e atividade econômica muito importante: só no caso brasileiro representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais, dos quais um bilhão são de produtos importados. As culturas agrícolas brasileiras que mais consomem agrotóxicos são: soja, cana-de-açúcar, milho, algodão, café e citros. Isso por terem as maiores áreas plantadas e manejo para colheitas anuais. Apesar das plantações florestais representarem área plantada similar à da cana, a floresta plantada consome muito menos agrotóxicos por hectare/ano. Isso porque a floresta plantada só recebe aplicações de agroquímicos na fase inicial de seu plantio (no viveiro para o preparo de mudas, no pré-plantio para limpeza da área, no plantio e nas manutenções da floresta no primeiro ou até segundo ano de crescimento). Depois, até a idade de colheita (eucalipto = 6 a 8 anos e Pinus = 15 a 22 anos), o uso de agrotóxicos é limitadíssimo. Ele apenas ocorre no controle de formigas cortadeiras, ou em alguma infestação localizada de alguma praga, doença ou por matocompetição. Por essa razão, as aplicações iniciais se diluem nesses anos em que as florestas não recebem aplicação alguma de agrotóxicos. Em algumas empresas florestais se prolongam as aplicações de herbicidas por toda a rotação para manter a "floresta limpa" de mato; em todas ocorre constante controle das formigas e todas monitoram o eventual aparecimento de alguma praga ou doença, conhecida ou não. É muito difícil de se aplicar agrotóxicos em florestas estabelecidas, pelas dimensões das copas e altura das árvores. Aplicações por aviões são complicadas e de baixa eficiência. Por isso, toda atenção é dada para encontrar os focos iniciais e eliminar o problema na origem. Quando a praga se espalha, a alternativa preferida é o uso de predadores biológicos (controle biológico). Em geral, hoje no Brasil se plantam cerca de 600 mil hectares de florestas novas por ano, enquanto a área total plantada é de 6,5 milhões de hectares. Ou seja, apenas 10 até no máximo 20% da área plantada está recebendo uma aplicação mais intensa de agrotóxicos, enquanto a área restante está crescendo e vê alguma aplicação só em algum ataque localizado de formigas, lagartas, ou algum outro "organismo daninho". Apenas, comparativamente, as culturas de soja, milho e cana são anuais e representam áreas intensamente agriculturadas de respectivamente 22 milhões, 9,5 milhões e 6 milhões de hectares. Com isso, pode-se sentir que a contribuição do setor florestal no tema agrotóxicos não é tão significativa, mas nem por isso deve ser minimizada. Apesar da quantidade de ingredientes ativos de agrotóxicos aplicadas por hectare/ano nas florestas plantadas serem relativamente baixas em relação aos cultivos agrícolas anuais, sempre existem reclamos de ambientalistas. Entre os frágeis argumentos colocam que a sociedade humana não se alimenta de madeira, por essa razão criticam as plantações florestais e o uso de agrotóxicos nelas. Talvez, com isso, queiram mostrar que "perdoam ou aceitam" o uso de agrotóxicos na agricultura para produção de comida, mas não nas florestas plantadas. Esquecem-se de que a felicidade e o bem-estar das pessoas não depende apenas de comida, mas de uma grande quantidade de outros bens, tais como: habitações, móveis, livros, fármacos, desinfetantes, veículos de transporte, etc. Em todos esses e em muitíssimos mais, vamos encontrar os produtos das florestas plantadas servindo de matéria-prima ou mesmo de bem final. Sempre teremos questionamentos contra a fabricação e uso de agrotóxicos, quanto a isso não temos dúvidas e isso é salutar para as mudanças tecnológicas. Clamam os ambientalistas que existem muitas pesquisas mostrando problemas de doenças em seres humanos devido ao uso de agrotóxicos. Isso não significa apenas os problemas de queimaduras ou intoxicações nos que aplicam os agrotóxicos. Referem-se também ao consumo de agrotóxicos presentes nos alimentos, que conduzem a doenças sérias como câncer, Parkinson e outras enfermidades do sistema nervoso central. Os mais entusiasmados ambientalistas chegam a suspeitar que existe uma espécie de "máfia dos agrotóxicos". Argumentam que as mesmas empresas que fabricam os compostos para matar as pragas e doenças produzem também as sementes agrícolas. Resultado, sugerem que as variedades são desenvolvidas para alta dependência desses produtos químicos. Um ciclo vicioso interminável na opinião dos mesmos. Enfim, existem preocupações e contestações - isso é bom, quando bem dosadas e argumentadas, pois ajudam a aperfeiçoar o modelo vigente. Sabemos que ele não é o ideal, mas é o que dispomos para as altas produtividades requeridas na agricultura, pecuária e silvicultura. Acontece que as coisas estão também acontecendo nesse setor da indústria química. Lembremos que há alguns anos atrás diversas moléculas mais perigosas eram usadas: BHC, DDT, dodecacloro, pentaclorofenol, etc. Hoje, grande parte das formulações de agrotóxicos são classificadas no Brasil como classe III (rótulo azul ou de pouco risco) ou classe IV (rótulo verde ou de mínimo risco a seres humanos). Talvez a maior infelicidade no uso dos agrotóxicos seja o seu uso indiscriminado e excessivo. Criou-se uma filosofia de aplicações preventivas na agricultura, ou seja, põe-se o "veneno" mesmo sem ter a presença da praga. Basta que existam condições climáticas favoráveis a que surja a praga e se fazem aplicações preventivas. Às vezes, essas aplicações são até mesmo feitas com base em um calendário para aplicações, mesmo sem pragas a molestar as culturas. Fica mais caro, mais agressivo ao meio ambiente e muito pouco sustentável se fazer dessa forma. Por essas e outras razões, existem questionamentos em relação às tecnologias atuais de combate às pragas, plantas daninhas e doenças, porque muitos acreditam que as metodologias estão direcionadas apenas em tentar aniquilar as pragas quimicamente e nada mais. Falaremos algo mais sobre isso um pouco adiante. Tanto a agricultura como a silvicultura trabalham hoje pela busca de modelos sustentáveis e certificados. A sustentabilidade como vista atualmente aceita o uso de agrotóxicos na agricultura e silvicultura, desde que as aplicações sejam feitas de acordo com os requisitos legais, com segurança ao trabalhador e população vizinha, e dentro do que está preconizado pelos critérios vigentes das entidades certificadoras. Entretanto, para as empresas que queiram certificações e rotulagens de sustentáveis, sugere-se que estejam sempre buscando outras alternativas menos impactantes do que os agrotóxicos atuais, como por exemplo: controle biológico, melhoramento genético buscando variedades resistentes ou tolerantes, etc. A verdade é que as grandes preocupações dos ambientalistas são também preocupações que direcionam ações dos dirigentes e técnicos que trabalham nas empresas de base florestal. Basta se avaliar as metas dessas empresas em relação aos agrotóxicos para se perceber isso. Vejam o que está sendo objetivado hoje nas pesquisas e operações das empresas brasileiras líderes em plantações florestais (eucaliptos, Pinus, acácia negra, etc.): • redução no consumo específico de agrotóxicos por hectare de área efetivamente plantada; • prevenção e redução de riscos e impactos à saúde das pessoas, dos organismos não-alvos e dos ecossistemas; • altíssima segurança no manuseio, estocagem e aplicações; • busca constante de moléculas de menor toxicidade para as aplicações florestais; • busca de novos modelos alternativos para prevenção ao surgimento de matocompetição, pragas e doenças; • avaliação da micro-vida do solo para entender os efeitos dos agrotóxicos sobre organismos benéficos dos solos (micorrizas, rizóbios, etc.); • monitoramento constante do grau de infestação de plantas daninhas, pragas e patógenos para aplicação da dose correta e no momento certo; • monitoramento do grau de resistência dos patógenos para entendimento de eventual ganho de resistência desses organismos em relação aos agrotóxicos em uso; • controle de qualidade sobre a aplicação manual e mecanizada de pesticidas, buscando sempre a otimização da operação; • busca constante de novas variedades (ou de clones) capazes de mostrar maior resistência ou tolerância a pragas e doenças (Exemplos: controle da ferrugem e do cancro do eucalipto); • dispor de meios rápidos para desenvolver organismos predadores de pragas e doenças através controle biológico (Exemplos: controle da vespa-da-madeira do Pinus por uso do nematóide Deladenus siricidicola ; controle de lagartas desfolhadoras de eucaliptos pelo uso da bactéria Bacillus thuringiensis); • manter florestas sadias com mínima presença de indivíduos estressados e fracos (desbastar quando necessário), já que esses são mais sensíveis às pragas e doenças e se tornam portas de entrada das mesmas; • buscar mecanismos que favorecem a redução do ciclo de vida dos agrotóxicos após sua aplicação, tornando-os mais biodegradáveis no solo ou mesmo nas plantas-alvo; • etc., etc. Nós do setor florestal sabemos e compreendemos os riscos e ameaças dos agrotóxicos. Esses devem ser controlados e minimizados por eficientes mecanismos de gestão ambiental e de qualidade. Entretanto, no presente estágio tecnológico, as altas produtividades florestais precisam ser alcançadas, senão o impacto ambiental pode ser ainda maior. As florestas mais produtivas são mais ecoeficientes: consomem menos água, menos nutrientes, menos agrotóxicos por tonelada ou metro cúbico de madeira produzida. Caso os rendimentos florestais diminuam, seriam necessárias maiores áreas de plantações para atender às demandas atuais por madeira. Com isso, os impactos ambientais seriam maiores e maiores áreas seriam requeridas. O mesmo é válido para a agricultura. Imaginem que há cerca de 35 anos atrás a produtividade do milho era 50% menor por hectare e a população do Brasil a metade do que é hoje. Se não se tivessem conseguidos os ganhos na produtividade dessa cultura, a área de milho que hoje utilizamos teria que ser no mínimo o dobro para atender as necessidades brasileiras desse tipo de grão. Os mecanismos preferidos para combate a pragas e doenças pelos plantadores de florestas são: incorporação de resistência das plantas às doenças e pragas e controle biológico. Entretanto, existem outras opções tecnológicas que podem e devem ser mais estudadas pelo setor de base florestal e pela agricultura. Apresentarei algumas delas a vocês para sua reflexão e eventual ações: Uso do poder de cobertura dos resíduos pós-colheita para abafamento e efeitos alelopáticos na vegetação concorrente que tenderia a germinar (matocompetição) Esse tipo de prática já está consagrada no setor de florestas plantadas, mas ainda sem um estudo mais profundo no aspecto de combate à matocompetição e efeitos alelopáticos. A ênfase tem sido mais colocada na ciclagem de nutrientes do que em outras vantagens dessa cobertura para reduzir o uso de agrotóxicos. Moléculas de compostos alelopáticos para substituir ou complementar o uso de herbicidas Alelopatia é geralmente definida como o efeito de uma espécie de planta sobre outra(s), através da inibição da germinação, perturbação no crescimento e até mesmo causando sua morte. Isso por causa da liberação de substâncias químicas que essa planta produz, em geral nas folhas, raízes e/ou casca. Os compostos alelopáticos podem agir alterando a absorção de nutrientes, regulação do crescimento, fotossíntese, respiração, permeabilidade da membrana celular, etc. A produção de aleloquímicos por plantas depende de um número grande de fatores, entre eles; genética, fertilidade do solo, densidade de plantas, idade e estágio metabólico, estiagem e exposição à luz, etc. Descobrir plantas alelopáticas e identificar os compostos aleloquímicos pode ser uma fantástica nova ferramenta para novos herbicidas definitivamente naturais, não é mesmo? Moléculas orgânicas obtidas de extratos de plantas para uso na repelência ou controle fitoquímico de pragas e doenças São conhecidos os efeitos anti-fúngicos e de repelência a insetos de muitos extratos de plantas encontradas no Brasil, tais como: piretro (Chrysanthemum cinerariaefolium); fumo (Nicotiana tabacum); timbó (gêneros Derris, Lonchocarpus e Tephrosia): alho (Allium sativum); jurubeba (Solanum cordifolium); manjericão (Ocimum basilicum); capim-limão (Cymbopongon citratus); eucalipto "cheiroso" (Corymbia citriodora), quebra-pedra (Phyllanthus niruri); erva-cidreira (Lippia alba) e "neen" ou nin indiano (Azadirachta indica). Imaginem amigos, com o poder que temos em biodiversidade de nossas florestas naturais no Brasil, quantas moléculas devem estar esperando a vez de serem encontradas! As plantas praguicidas podem ter novas oportunidades nesse imenso celeiro de moléculas que é a Natureza (http://www.cnpma.embrapa.br/informativo/mostra_informativo.php3?id=241). Um caminho imenso a explorar para se descobrir maneiras mais naturais de ataque a fitopatógenos. Alternativas no manejo do eco-mosaico florestal Sabe-se que os sistemas naturais diversificados e permanentes são sustentáveis e que os monocultivos são muito mais frágeis nesse particular. A monocultura pode render altíssimas produtividades, mas demandará custos cada vez maiores com agroquímicos e com a prevenção e controle dos impactos ambientais resultantes. Cabe ao pesquisador florestal trabalhar na busca de outras alternativas que levem a altas produtividades de madeira, mas em modelos mais diversificados, como: rotação de culturas, sistemas agro-florestais, sistemas agro-ecológicos, diversificação de produtos em um mesmo sistema, etc. Alternativas oferecidas pela biomimética e pela ecologia fitoquímica A biomimética tem como meta estudar a Natureza no sentido de aprender com ela (e não sobre ela). Sabendo como a Natureza resolve, em seus ecossistemas naturais, os problemas de competição entre plantas, de ataques de pragas e doenças, a biomimética poderia ajudar a desenvolver novas maneiras de cultivos agrícolas e florestais. A biomimética baseia-se no estudo de sistemas biológicos para desenvolver ou aperfeiçoar novas soluções de engenharia, já que os problemas enfrentados tanto pela Natureza como pelas tecnologias criadas pelo homem são similares. Já a ecologia fitoquímica complementaria com os estudos de fitoquímicos presentes nas plantas dos ecossistemas naturais, procurando entender os fenômenos encontrados com base nas moléculas químicas presentes nos ecossistemas. Com isso, através de conhecimentos da fisiologia e ecologia poderão ser conhecidos os papéis dos químicos utilizados pela Natureza. Isso tudo poderia levar a novas maneiras de controlar as pragas e doenças de cultivos agrícolas e silviculturais: ao invés de aniquilar as pragas, patógenos ou plantas daninhas, tornar as plantas do cultivo fisiologicamente capazes de conviver com elas. Uso seguro da biotecnologia florestal A identificação de genes de tolerância ou de resistência a pragas, doenças e até mesmo aos próprios agrotóxicos tem ajudado no aumento das produtividades agrícola e florestal e colaborado na redução das necessidades em áreas de plantios. Cabe aos geneticistas a transferência de forma segura desses genes para as plantas e variedades comerciais. Algo que já está sendo feito no eucalipto, da mesma forma que há anos é feito em culturas como a do café, citros, etc. Acontece que até o momento essa transferência de genes ocorria por cruzamentos controlados ou por produção de híbridos. Agora, existe também a ferramenta da engenharia genética e da produção de organismos geneticamente modificados. Uma tecnologia atual e que gera grandes expectativas, mas que deve merecer estudos e máxima responsabilidade de pesquisadores e empresários do agronegócio brasileiro. Aproveitamento dos conceitos da teoria da trofobiose de Francis Chaboussou A teoria da trofobiose (http://comunidades.mda.gov.br/o/899393) foi desenvolvida pelo pesquisador Francis Chaboussou para explicar porque qual razão existem plantas não atacadas por pragas e doenças em um cultivo agrícola ou florestal infestado por elas. A planta precisa servir de alimento adequado e só será atacada por insetos, nematóides, fungos ou bactérias, quando tiver na sua seiva exatamente o alimento que essas pragas precisam. Este alimento é constituído, principalmente, por amino-ácidos, que são substâncias simples, rapidamente aproveitadas. Em outras palavras, uma planta saudável, bem alimentada e com seiva equilibrada em proteínas, dificilmente será atacado por pragas e doenças. As pragas morreriam de fome numa planta sadia, ou então procurariam logo uma planta em desequilíbrio nutricional. De acordo com Chaboussou, os adubos químicos solúveis e os agrotóxicos são fatores que provocam desequilíbrios no metabolismo das plantas, fazendo com que a planta tenha na sua seiva uma quantidade maior de amino-ácidos livres e menor de proteínas complexas. Quanto mais intensa for a síntese de proteínas, menor seria a sobra de amino-ácidos livres, açúcares e minerais solúveis que os insetos e microrganismos necessitam para se alimentar. As pragas têm uma variedade muito pequena de enzimas digestivas, o que reduz sua possibilidade de aproveitar completamente moléculas grandes como as de proteínas. Além disso, a formação eficiente de proteínas aumenta o nível de respiração e de fotossíntese da planta, melhorando todo o metabolismo vegetal. Plantas que recebem nutrição desequilibrada provavelmente irão necessitar aplicação de agrotóxicos – fechando esse ciclo de dependência de adubo químico e agrotóxico. Não tenho dúvidas que há necessidade de se conhecer mais sobre isso tudo para os nossos amigos eucaliptos. As novas fronteiras da Ciência & Tecnologia em relação aos agrotóxicos Se tivermos a habilidade de visualizar, só por um momento, os caminhos futuros das tecnologias para as florestas plantadas, veremos que existem coisas muito boas e até mesmo muito simples esperando por nós. Definitivamente, a capacidade do homem para inovar é fabulosa e está acontecendo em uma escalada surpreendentemente rápida. Vejam, só algumas coisas que eu mesmo consegui visualizar, mesmo necessitando de óculos, em minha olhadela para o futuro: • com o desenvolvimento dos processos de produção do etanol celulósico, todo o mato que hoje deve ser aniquilado pelos herbicidas nos cultivos agrícolas e florestais passará a ser matéria-prima para a produção de álcool. Ao invés de se aplicar "veneno para matar plantas", o futuro colocará essa matéria orgânica sendo enviada para a produção de biocombustíveis. Exportarão nutrientes do solo, sem dúvidas, mas isso será um outro problema a ser resolvido pela ciência. Afinal, sempre uma solução tecnológica resulta em outras necessidades de pesquisas: um caminho sem fim. • com um melhor conhecimento do valor nutritivo dos corpos e constituintes das pragas (formigas, lagartas, vespas, mariposas, etc.) elas poderiam, ao invés de serem destruídas e mortas, serem atraídas e transformadas em matérias-primas para algum uso industrial (rações de animais, por exemplo) ou mesmo artesanal (se a escala for pequena). Por exemplo, hoje, os chineses estão pesquisando o uso alimentício de lagartas e pupas do bicho-da-seda, pois esse inseto possui em sua constituição mais proteínas do que o leite e os ovos (http://en.wikipedia.org/wiki/Silkworm). Além disso, suas fezes são hoje utilizadas e disputadas como adubo orgânico valioso. Até hoje, nosso paradigma tem sido o de resolver os problemas das pragas e doenças agrícolas combatendo-as e aniquilando-as. O uso de agrotóxicos tem sido uma notável ferramenta para isso. Entretanto, as pragas sempre continuarão a existir, novas surgirão e se multiplicarão. Será que teremos que ficar a matar as mesmas até o final de nossos dias? Uma alternativa seria encontrar usos para seus corpinhos e seus constituintes. Não seria isso mais ecoeficiente e natural? De indesejáveis passariam a desejáveis: vejam só que mudança fantástica de status tecnológico. Deixo aqui para terminar esse artigo uma reflexão final: como poderemos evitar os danos e o ataque de pragas e doenças nas plantas sem o uso de agrotóxicos? Para a matocompetição já vimos o caminho: o mato será matéria-prima para produção de biocombustíveis. Para as pragas e doenças de plantas a solução é algo mais difícil. Talvez tenhamos que nos espelhar em nós mesmos seres humanos para tentar encontrar uma solução. Afinal somos os maiores predadores dos seres vivos desse planeta, a maior das pragas sob essa ótica ecoambientalista. Fonte: GRAU CELSIUS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

2leep.com

análise de SEO gratuito para blogs