24.2.13

Mogno africano - espécie importada ganha espaço entre os agricultores


O fruto do mogno africano tem entre 60 e 70 sementes, que podem chegar de R$ 1 mil a R$ 3 mil o quilo.


Foto: Rodrigo Ciriello, Tropical Flora


O mogno africano, como o próprio nome diz, é originário da África, mais especificamente dos países: Costa do Marfim, Angola, Nigéria, República dos Camarões, Gabão e Congo. É uma árvore de clima tropical úmido ou subtropical, levando vantagem sobre seus pares, que pertencem à mesma família Meliaceae, como o mogno brasileiro e a andiroba, já que é mais resistente a pragas como a broca das ponteiras, uma mariposa que ataca o mogno brasileiro e que, até hoje, torna inviável o seu cultivo comercial.
As primeiras árvores frondosas de mogno africano formam plantadas na sede da Embrapa Amazônia-Oriental, em Belém, no Pará, trazida da África por um de seus pesquisadores em 1976. No mercado internacional, são conhecidas quatro espécies, a mais conhecida no Brasil é a Khaya ivorensis, devido a seu sucesso na Embrapa, com cerca de 30% a mais de crescimento, destacando-se entre as demais espécies. Ela pode alcançar 13m, medindo 130cm de diâmetro na altura do peito. Sua madeira tem uma coloração castanho-avermelhada, parecendo muito com o mogno nativo. Uma outra característica interessante é que ela tem peso e densidade excelentes para a fabricação de móveis, superando todas as expectativas.
Por ser pouco produzida no Brasil, o quilo da semente dessa árvore pode chegar de R$ 1 mil a R$ 3 mil. Além disso, as sementes de mogno africano têm alta durabilidade, podendo ser conservadas em câmaras frias ou geladeira entre 5º e 8ºC. Sua madeira pode ser extraída de 15 a 20 anos após o plantio. Com o manejo adequado, como adubação e verificação de doenças, a parte do tronco da árvore desprovida de ramos deverá estar com 12 a 15 metros de comprimento e diâmetro entre 60 e 80 centímetros após esse período.
Propagação
Cada fruto dessa árvore tem entre 60 e 70 sementes. Estas são plantadas em sacos plásticos de 15cm de largura e 25cm de altura, em 80% de solo e 20% de esterco. Com cerca de 15 a 30 dias as plantinhas de mogno africano começam a aparecer no saquinho. Uma outra opção é plantar as sementes de mogno africano em tubetes, com capacidade de 260cm3. Nesse caso, há a necessidade de enriquecer o substrato com adubo químico e não apenas esterco. Quando plantadas em tubetes, as mudas de mogno africano demoram mais a crescer, mas se recuperam rapidamente, logo alcançando o tamanho adequado. A propagação das sementes de mogno africano feita tanto em sacos plásticos como em tubetes geram mudas prontas para o plantio no campo quatro meses após a germinação ou cinco meses depois da semeadura.
As mudas de mogno africano podem ser plantadas em sacos plásticos de 15cm de largura e 25cm de altura, em 80% de solo e 20% de esterco. Foto: reprodução
Plantio
Como já dissemos, o mogno africano se desenvolve melhor em solos de terra firme, em regiões de clima tropical úmido ou subtropical. Pode ser plantada em sítios, chácaras ou fazendas, mas longe de casas, galpões e redes elétricas e telefônicas. Aceita muito bem a adubação orgânica, embora possa ser feita a adubação química, gerando bons resultados. Ainda quanto à adubação orgânica, o esterco é uma ótima opção, podendo ser aplicados 20 litros na cova de plantio. No entanto, é imprescindível que o esterco ou composto orgânico esteja bem curtido para não prejudicar o seu desenvolvimento. Com a adubação orgânica, o mogno africano alcança crescimento superior a 50% no primeiro ano.
Espaçamento
Não há uma padronização de espaçamento para o mogno africano. No entanto alguns agricultores têm adotado medidas que variam de 4 x 4 metros a 5 x 5 metros. O desbaste deve ser efetuado quando as copas se encontram, de tal forma que o espaçamento final seja de 8 x 8 metros ou 10 x 10 metros.
Pragas e doenças
As pragas mais comuns, que atacam o mogno africano, são as formigas e as abelhas arapuá, atingindo principalmente as árvores jovens. Quanto às doenças, o que se tem no Brasil é o cancro, que causa lesões na casca do tronco. Esta doença não estraga a madeira, mas, com o passar dos anos, compromete muito o transporte da seiva, prejudicando o desenvolvimento da árvore. Por isso, aos primeiros sinais da doença, é preciso retirar a parte afetada e aplicar um fungicida a base de cobre.
Investimento
Quem quiser investir no plantio de mogno africano deve ter muito cuidado, pois o investimento é alto e de longo prazo. A aposta dos produtores pioneiros do mogno africano é que, no futuro, quase toda a madeira consumida pelo homem deve vir de áreas cultivadas, e que as florestas nativas serão cada vez mais protegidas. Se mais e mais pessoas vão plantando essa espécie, em um futuro próximo haverá uma oferta significativa de madeira, o que irá refletir no mercado. Calcula-se que hoje existam um milhão de árvores de mogno africano plantadas no Brasil e pelo menos 400 produtores investindo na cultura.
Desempenho da espécie
Para que se tenha um bom desempenho da espécie, algumas recomendações se tornam importantes:
  • Ampliar a base genética de Khaya ivorensis, importando sementes da África e de várias procedências;
  • Investir em pesquisas para se estudar mais a cultura de mognos africanos no Brasil em todos os seus aspectos, como por exemplo: melhoramento genético, nutrição mineral, zoneamento ecológico, entre outros;
  • Plantio da espécie em Sistemas Agroflorestais;
  • Plantio misto com outras espécies exóticas ou nativas promissoras;
  • Estudos de qualidade da madeira sob irrigação e adubação;
  • Verificar possibilidades de produção de híbridos entre as espécies de Khaya e também entre as Khaya e Swietenia.


Fonte: CPT - Painel Florestal


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