30.11.11

Carbono embutido

Pesquisadores fazem balanço de CO2 da floresta. O papel central da Floresta Amazônica para a questão climática extrapola suas fronteiras de diferentes formas. Estudo da Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA) constata: o comércio de produtos para o mercado externo e para o consumo interno em outras partes do país carrega 63% de todo o carbono emitido pela economia da Amazônia. Gases do efeito estufa "alcançam" regiões distantes da mata embutidos na exportação de alimentos, minérios e outras mercadorias produzidas na região em processos que resultam em emissões. "Mitigar emissões prejudicará a economia regional e o sustento de mais de 20 milhões de habitantes", diz o economista Joaquim Guilhoto, coordenador do relatório "O Desenvolvimento da Amazônia Brasileira e as Emissões de Gases do Efeito Estufa: um Dilema a Ser Enfrentado". O trabalho cruzou dados do PIB amazônico com a média nacional das emissões de carbono dos diferentes setores produtivos. A agropecuária, somando insumos e produção, representa mais de um terço das emissões totais, com destaque para soja e carne, setores que mais geram riqueza na região. De acordo com o estudo, o consumo interno do Brasil fora da floresta absorve 40% do carbono amazônico. A parcela de gases que permanece na região (37%) está incorporada nos investimentos de bens de capital e construção de infraestrutura. "A restrição das emissões pura e simples não é solução, sendo necessária uma política de incentivos para mudar a estrutura de produção e compensar financeiramente a população", analisa Guilhoto. Em sua opinião, "o direito ao desenvolvimento é o principal dilema para a mitigação de gases estufa na Amazônia, no Brasil e nos demais países emergentes". O tema é cerne das negociações da CoP-17, a conferência da ONU sobre mudanças no clima que ocorrerá de 28 novembro a 9 de dezembro, em Durban, África do Sul, quando os países tentarão avançar no debate para um novo regime climático internacional, incluindo compensações para a conservação florestal. "O assunto marca a atual discussão do acesso a mercados e certamente será o elemento de força para o corte de emissões, inclusive via taxação de carbono", avalia Mario Monzoni, diretor do Centro de Estudos em Sustentabilidade, da FGV, estimando que "mais cedo ou mais tarde a questão baterá na Organização Mundial do Comércio (OMC)". Estudo publicado neste ano pela Academia Nacional de Ciências dos EUA revela que mais de 60% das fontes de carvão, gás e petróleo estão em apenas 20 países e sugere a criação de um imposto sobre a extração de combustíveis, o que cobriria 67% das emissões globais. A chamada "precificação" de carbono envolve competitividade entre países e entre conglomerados empresariais. Pela Convenção do Clima, emissões de carbono não devem motivar barreiras comerciais, mas atualmente existe o debate de propostas para legislações nacionais, tanto nos EUA como na Europa, com restrições do gênero. "O melhor para o Brasil, exportador líquido de emissões, é o assunto permanecer no fórum do clima e não na OMC", opina Jorge Hargrave, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em recente relatório, o pesquisador Ronaldo Seroa da Motta, também do Ipea, mostra que eventuais taxações de carbono seriam vantajosas para a indústria brasileira na competição com a China. Na agricultura, ao contrário, o país teria desvantagem. Os reflexos atingiriam a economia da Amazônia. Na região, onde os indicadores sociais estão abaixo da média nacional, 65% da população - sem opções de sustento na floresta - já vive em grandes centros urbanos. No Amazonas, 85% da energia é suja, proveniente de geradores a diesel. Só recentemente, com a inauguração do gasoduto Coari-Manaus, pequenas termoelétricas a gás natural começaram a ser construídas. Para mudar a matriz energética, a capital aguarda a obra do linhão que rasgará 1,5 mil km de floresta para a conexão com a hidrelétrica de Tucuruí, no Pará. "Energia e logística são essenciais para a expansão industrial", diz Oldemar Ianck, superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa). "Amazonia não deve ser apenas almoxarifado de matérias-primas para outros Estados e para o exterior", diz. Ele admite que há passivos a resolver, como os impactos ambientais na capital. Ao atrair indústrias em troca de incentivos fiscais, Manaus recebeu grande contingente de migrantes que ocupou bairros erguidos sobre palafitas na beira de córregos poluídos, só agora alvo de projetos de saneamento. "As indústrias da capital, responsáveis por 90% da renda estadual, reduziram a pressão para o uso predatório da floresta", argumenta Iank. Cogita-se agora na prorrogação da Zona Franca por mais 50 anos, conforme anunciou o governo federal. No entanto, "é preciso corrigir rumos, porque não podemos subsistir apenas com incentivos fiscais, mas investir em infraestrutura e nos recursos regionais". A nova ponte sobre o rio Negro, inaugurada em outubro ao custo de R$ 1 bilhão, permitirá a expansão do polo industrial e da Região Metropolitana de Manaus. Na expectativa do crescimento, o município de Iranduba, na outra margem do rio, já registra o maior índice de desmatamento do Estado. O lugar é palco do primeiro projeto da chamada Zona Franca Verde: a fábrica Borracha da Floresta, inaugurada neste mês com investimento de R$ 5,2 milhões. O empreendimento absorve a produção seringueira de 17 municípios e se destina a abastecer uma indústria de pneus, a Neotec, que fornece para o polo industrial de motos e bicicletas, onde operam 25 empresas. "Enfim a cadeia produtiva da borracha está fechada, desde a floresta até a capital", conta Valdelino Cavalcanti, presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável. "A expansão industrial puxará um novo modelo, baseado em alta tecnologia, baixo carbono e energia renovável", garante João Talocchi, coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas. O plano é fazer o inventário de emissões industriais para o estabelecimento de metas de corte. Esperam-se oportunidades com o mercado de carbono, na perspectiva de avanços no debate global sobre o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) - mecanismo de compensação financeira para conservação da floresta. "Não queremos ser vistos com o santuário; se o mundo pede a manutenção dos ambientes naturais, que pague por isso", afirma Nádia Ferreira, secretária de Meio Ambiente. Amazônia - Conhecer o real papel da Amazônia para o controle climático é chave para o País definir sua posição nas negociações internacionais e defender a competitividade das empresas brasileiras. A região captura mais carbono do que emite? Em busca de respostas, cientistas brasileiros esquadrinham a mata para medições em pontos estratégicos e estão perto de chegar a resultados conclusivos. "Ao que tudo indica, a floresta tem sequestrado da atmosfera em média uma tonelada de carbono por hectare ao ano, o que, extrapolando para toda a Bacia Amazônica, significa 300 milhões de toneladas, superior às emissões totais brasileiras, de 250 milhões", revela o pesquisador Niro Higuchi, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O primeiro passo dos cientistas foi desenvolver um método preciso para saber quanto cada árvore acumula de carbono com base no diâmetro do tronco. Em seguida, a floresta no Estado do Amazonas foi dividida em parcelas com tamanho equivalente a um quarto de um campo de futebol, onde foram analisadas as árvores com mais de dez centímetros de diâmetro. O modelo é agora ampliado para os estoques de carbono de toda a Região Amazônica, mediante rastreamento com imagens de radar que identificam em detalhes a cobertura florestal. "Como oportunidade de negócio e item de valor para a remuneração de quem conserva a natureza e seus serviços ambientais, o carbono precisa de medição específica e confiável, dentro de padrões aceitos internacionalmente", explica Higuchi. Em paralelo, a pesquisadora Luciana Gatti, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, coordena operações que rastreiam a Amazônia com sobrevoos que medem a concentração e o fluxo de carbono no ar, entre 300 metros e 4,5 km da superfície da floresta. O objetivo é medir o dióxido de carbono, metano e outros gases, emitidos principalmente por desmatamento e queimadas. "Já sabemos que o lado Oeste da Amazônia absorve mais carbono do que emite, porque o crescimento florestal é maior", diz Gatti, adiantando resultados que estarão em breve em publicação científica. "Já não é verdade a tese normalmente aceita de que a floresta adulta é neutra na tarefa de capturar e emitir carbono". Fonte: jornaldaciencia.org.br

28.11.11

Temperatura mundial pode subir até 6 graus, alerta OCDE

Até o final deste século, a temperatura global pode sofrer um aumento entre 3 e 6 graus centígrados se for mantida a tendência atual, alerta a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) nesta quinta-feira. Mas ainda há tempo para que esse cenário com graves consequências seja evitado com um custo de ação limitado Esse é o principal conteúdo de um relatório sobre a mudança climática divulgado pela OCDE às vésperas da conferência de Durban, que começa na próxima segunda-feira (28) em Durban, na África do Sul. A organização pede aos governos que se engajem em torno de um acordo internacional. "Os custos econômicos e as consequências ambientais da ausência de ação política na mudança climática são significativas", advertiu o secretário-geral do organismo, Ángel Gurría, durante a apresentação do estudo. Concretamente, as medidas para modificar, sobretudo, o panorama energético que se espera para 2050 e a redução das emissões de efeito estufa em 70% custariam 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) --um número que os autores do relatório relativizaram em entrevista à imprensa, ao ressaltarem que significaria que o crescimento da economia mundial nos quatro próximos decênios seria de 3,3% ao ano, em vez de 3,5%, um corte de dois décimos. O relatório destacou que não alterar as políticas atuais geraria prejuízos ambientais que afetariam muito mais a economia. O relatório Stern de 2006 havia antecipado perdas permanentes do consumo por habitante superiores a 14%. A OCDE advertiu que, sem novas políticas de contenção das emissões de efeito estufa, as energias fósseis seguirão mantendo seu peso relativo atual, de 85% do total, o que conduziria a um volume de concentração na atmosfera de 685 partes de dióxido de carbono (CO2) ou equivalentes por milhão, muito longe das 450 que os cientistas consideram que permitiriam limitar o aquecimento climático global a dois graus centígrados. Para o órgão, um ponto relevante é estabelecer "um preço significativo" das emissões de CO2 para induzir à mudança tecnológica, mas também a fixação de metas de diminuição de emissões "claras, críveis e mais restritivas" com as quais "todos os grandes emissores, setores e países" precisarão se comprometer. Fonte: Folha de São Paulo

27.11.11

Rollemberg pede o diálogo para aprovação do novo Código Florestal

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) foi à tribuna do Plenário, na manhã desta sexta-feira (18), para defender o diálogo em torno da proposta do novo Código Florestal em tramitação no Senado (PLC 30/11). O parlamentar, que preside a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), disse que o relatório do projeto será votado na próxima quarta-feira (23) e deve ser um texto "bom para o Brasil". - Não será o meu código dos sonhos, mas deve ser um código equilibrado, que reflita a média da opinião dos parlamentares e que atenda às expectativas do povo brasileiro - disse. Para isso, o senador destacou a importância das audiências públicas realizadas pelo Senado com o intuito de ouvir a opinião de especialistas e da sociedade civil sobre o tema. - Nosso desafio é muito grande, pois temos que conciliar a preservação ambiental e o aumento da atividade econômica - destacou. Agenda Rodrigo Rollemberg afirmou já estar pensando numa agenda de discussão para depois do Código Florestal. Segundo ele, há temas preocupantes e estratégicos, que precisam ser debatidos pelo Brasil, como a segurança alimentar, a excessiva dependência de insumos importados (principalmente nitrogênio, fósforo e potássio), os mecanismos de incentivo à preservação ambiental e o investimento em tecnologia. - Segundo a Embrapa, nos últimos 30 anos, o aumento da área plantada no Brasil foi de 45,8%, entretanto o incremento da produção foi muito maior, graças à ciência e à tecnologia - exemplificou. Fonte: Da Redação / Agência Senado

26.11.11

Ecossistemas Brasileiros

A Amazônia: A Floresta Amazônica ocupa a Região Norte do Brasil, abrangendo cerca de 47% do território nacional. É a maior formação florestal do planeta, condicionada pelo clima equatorial úmido. Esta possui uma grande variedade de fisionomias vegetais, desde as florestas densas até os campos. Florestas densas são representadas pelas florestas de terra firme, as florestas de várzea, periodicamente alagadas, e as florestas de igapó, permanentemente inundadas e ocorrem na por quase toda a Amazônia central. Os campos de Roraima ocorrem sobre solos pobres no extremo setentrional da bacia do Rio Branco. As campinaranas desenvolvem-se sobre solos arenosos, espalhando-se em manchas ao longo da bacia do Rio Negro. Ocorrem ainda áreas de cerrado isoladas do ecossistema do Cerrado do planalto central brasileiro. O Semi-árido (Caatinga) A área nuclear do Semi-Árido compreende todos os estados do Nordeste brasileiro, além do norte de Minas Gerais, ocupando cerca de 11% do território nacional. Seu interior, o Sertão nordestino, é caracterizado pela ocorrência da vegetação mais rala do Semi-árido, a Caatinga. As áreas mais elevadas sujeitas a secas menos intensas, localizadas mais próximas do litoral, são chamadas de Agreste. A área de transição entre a Caatinga e a Amazônia é conhecida como Meio-norte ou Zona dos cocais. Grande parte do Sertão nordestino sofre alto risco de desertificação devido à degradação da cobertura vegetal e do solo. O Cerrado O Cerrado ocupa a região do Planalto Central brasileiro. A área nuclear contínua do Cerrado corresponde a cerca de 22% do território nacional, sendo que há grandes manchas desta fisionomia na Amazônia e algumas menores na Caatinga e na Mata Atlântica. Seu clima é particularmente marcante, apresentando duas estações bem definidas. O Cerrado apresenta fisionomias variadas, indo desde campos limpos desprovidos de vegetação lenhosa a cerradão, uma formação arbórea densa. Esta região é permeada por matas ciliares e veredas, que acompanham os cursos d'água. A Mata Atlântica A Mata Atlântica, incluindo as florestas estacionais semideciduais, originalmente foi a floresta com a maior extensão latitudinal do planeta, indo de cerca de 6 a 32oS. Esta já cobriu cerca de 11% do território nacional. Hoje, porém a Mata Atlântica possui apenas 4% da cobertura original. A variabilidade climática ao longo de sua distribuição é grande, indo desde climas temperados superúmidos no extremo sul a tropical úmido e semi-árido no nordeste. O relevo acidentado da zona costeira adiciona ainda mais variabilidade a este ecossistema. Nos vales geralmente as árvores se desenvolvem muito, formando uma floresta densa. Nas enconstas esta floresta é menos densa, devido à freqüente queda de árvores. Nos topos dos morros geralmente aparecem áreas de campos rupestres. No extremo sul a Mata Atlântica gradualmente se mescla com a floresta de Araucárias. O Pantanal Mato-Grossense O Pantanal mato-grossense é a maior planície de inundação contínua do planeta, coberta por vegetação predominantemente aberta e que ocupa 1,8% do território nacional. Este ecossistema é formado por terrenos em grande parte arenosos, cobertos de diferentes fisionomias devido a variedade de microrelevos e regimes de inundação. Como área transicional entre Cerrado e Amazônia, o Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres com afinidades sobretudo com o Cerrado. Outras Formações Os Campos do Sul (Pampas) No clima temperado do extremo sul do país desenvolvem-se os campos do sul ou pampas, que já representaram 2,4% da cobertura vegetal do país. Os terrenos planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-ondulado, são colonizados por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação tipo savana aberta. Há ainda áreas de florestas estacionais e de campos de cobertura gramíneo-lenhosa. A Mata de Araucárias (Região dos Pinheirais) No Planalto Meridional Brasileiro, com altitudes superiores a 500m, destaca-se a área de dispersão do pinheiro-do-paraná, Araucária angustifolia, que já ocupou cerca de 2,6% do território nacional. Nestas florestas coexistem representantes da flora tropical e temperada do Brasil, sendo dominadas, no entanto, pelo pinheiro-do-paraná. As florestas variam em densidade arbórea e altura da vegetação e podem ser classificadas de acordo com aspectos de solo, como aluviais, ao longo dos rios, submontanas, que já inexistem, e montanas, que dominavam a paisagem. A vegetação aberta dos campos gramíneo-lenhosos ocorre sobre solos rasos. Devido ao seu alto valor econômico a Mata de Araucária vêm sofrendo forte pressão de desmatamento. Ecossistemas costeiros e insulares Os ecossistemas costeiros geralmente estão associados à Mata Atlântica devido a sua proximidade. Nos solos arenosos dos cordões litorâneos e dunas, desenvolvem-se as restingas, que pode ocorrer desde a forma rastejante até a forma arbórea. Os manguesais e os campos salinos de origem fluvio-marinha desenvolvem-se sobre solos salinos. No terreno plano arenoso ou lamacento da Plataforma Continental desenvolvem-se os ecossistemas bênticos. Na zona das marés destacam-se as praias e os rochedos, estes colonizados por algas. As ilhas e os recifes constituem-se acidentes geográficos marcantes da paisagem superficial.

25.11.11

Comissão do Senado conclui votação do Código Florestal

Senadores já haviam aprovado texto-base na última quarta-feira. Projeto segue para plenário e pode ser votado na próxima semana. A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado concluiu nesta quinta-feira (24) a votação do novo Código Florestal. A proposta será votada pelo plenário do Senado em regime de urgência na próxima semana e, caso seja aprovada, retorna à Câmara. Nesta quarta-feira (23), a comissão aprovou o texto-base do relatório apresentado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), mas os 77 destaques (mudanças) apresentados pelos senadores foram apreciados somente nesta quinta. Em quase seis horas de discussão, Viana acolheu cinco destaques. As mudanças aprovadas se referem ao controle de incêndios e à proibição da regularização de atividades consolidadas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) de proteção integral localizadas em imóveis inseridos nos limites de unidades de conservação criadas até a data de promulgação do novo Código Florestal. As APPs são locais como margens de rios, topos de morros e encostas considerados frágeis e que devem ter a vegetação original protegida. Em relação aos incêndios, fica determinado que "na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente pela fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado". O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse que apresentará, durante votação no plenário, uma emenda para tornar a aquicultura atividade de interesse social. O objetivo do senador é permitir atividades nos apicuns, que são parte dos manguezais onde existe expressiva produção de camarão, especialmente no Nordeste, e estão submetidos às regras das APPs. Ajustes Nesta quarta, Viana acatou uma série de emendas sugeridas por parlamentares da bancada ruralista. Com a nova redação, a conversão de multa para pequenos agricultores e donos de terras com até quatro módulos fiscais autuados por desmatamento até julho de 2008 passou a valer também para grandes agricultores. Outra mudança acatada por Viana foi permitir produção agrícola e pecuária em encostas entre 25 e 45 graus. O relator manteve o texto aprovado pela Câmara que determina a obrigação de recompor margens de rios em pelo menos 15 metros de mata ciliar para rios até 10 metros de largura, porém, estabeleceu que a obrigação, para propriedades com até quatro módulos fiscais, não poderá exceder 20% da área da propriedade. O texto-base do projeto de reforma do Código Florestal já foi aprovado pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado. Fonte: G1

24.11.11

Acordo entre governo e ruralistas leva à aprovação de texto-base do Código Florestal

Após cerca de cinco horas de debate, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) aprovou nesta quarta-feira (23) o texto base do substitutivo de Jorge Viana (PT-AC) do projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011). A emenda que resultou do entendimento foi apresentada à CMA pelo senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e altera pelo menos onze artigos do substitutivo. Uma das principais mudanças trata das regras de recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) desmatadas de forma ilegal. O texto aprovado assegura a todas as propriedades rurais a manutenção de atividades em margens de rios, consolidadas até 2008, sendo obrigatória, para rios de até dez metros de largura, a recomposição de faixas de vegetação de no mínimo 15 metros, a contar do leito regular. Isso representa a metade do exigido para APPs em margem de rio. Para rios mais largos, a emenda estabelece que pequenas propriedades, com até quatro módulos fiscais, devem recompor faixas de matas correspondentes à metade da largura do rio, podendo variar de 30 metros a, no máximo, 100 metros. Essa recomposição obrigatória, ainda para pequena propriedade, não poderá exceder os percentuais definidos para áreas de reserva legal (20% da área da propriedade, exceto para a Amazônia, que tem regras variáveis). Para as propriedades maiores que quatro módulos fiscais que tenham áreas consolidadas nas margens de rios, a emenda estabelece que os conselhos estaduais de meio ambiente fixarão as dimensões mínimas obrigatórias de matas ciliares, também respeitando o limite correspondente à metade da largura do rio, observando o mínimo de 30 metros e máximo de 100 metros. Multas A emenda acolhida também modifica parágrafo que autoriza o governo a implantar programa para conversão de multas decorrentes de desmatamentos feitos sem autorização ou licenciamento, até 22 de julho de 2008. A mudança visa ampliar os beneficiários de tal programa. No substitutivo, Jorge Viana previa que a conversão de multas poderia alcançar os agricultores familiares e donos de terras até quatro módulos fiscais autuados até 2008. Com a emenda, a conversão passa a alcançar todas as propriedades rurais, independentemente do tamanho, que desmataram até essa data sem autorização ou licenciamento. Encostas O relator também acolheu modificação no capítulo que trata das áreas de uso restrito. Inicialmente, o texto permitia apenas o manejo florestal sustentável em áreas de inclinação entre 25 e 45 graus. Com a mudança, também serão permitidas nessas áreas atividades agrossilvopastoris, bem como a manutenção de infraestrutura associada a essas atividades. Nascentes Também foi incluída no substitutivo regra permitindo a manutenção de atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e de turismo rural no entorno das nascentes e olhos d'água, sendo obrigatória, no entanto, a recomposição de vegetação em um raio mínimo de 30 metros. Debates O acordo entre o relator e representantes do governo e dos ruralistas o foi elogiado por diversos senadores, em especial aqueles envolvidos nas negociações, mas foi criticado duramente por parlamentares que o rejeitaram, como Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Ele pediu vistas, mas teve o pedido rejeitado pelo presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Também participaram dos debates senadores como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Marinor Brito (PSOL-PA), que apesar de não integrarem a CMA, manifestaram oposição ao texto de Jorge Viana. Para a maioria dos senadores da CMA, o texto não é o ideal, mas "o acordo possível". Essa, inclusive, foi a posição assumida por Jorge Viana e Luiz Henrique logo no início da reunião. Eles se disseram confiantes de que a comissão encontraria "o equilíbrio entre as demandas dos representantes do agronegócio e os ambientalistas". - Acho que podemos chegar a um meio termo - declarou Luiz Henrique, que foi relator da matéria nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA). Para Jorge Viana, o novo Código Florestal, com as mudanças feitas no Senado, será um instrumento de consolidação do país como um grande produtor de alimentos e de proteção ao meio ambiente, pondo fim aos desmatamentos ilegais. - Ninguém produz bem sem ter o meio ambiente como aliado e o setor produtivo sabe disso - disse Jorge Viana. Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

20.11.11

Árvores: Regulagem de nitrogênio contra psilídeos

Silvicultor deve combater a praga diminuindo a concentração do elemento durante pico populacional Muitas vezes de forma discreta, os psilídeos atacam as espécies florestais, sugando a seiva e diminuindo a produtividade da silvicultura. O manejo de psilídeos é relativamente recente no Brasil. A espécie mais preocupante surgiu no Brasil em 2003, o chamado psilídeo de concha. No entanto, já existem medidas de controle eficazes contra o problema. Uma delas é o uso de variedades resistentes, mas o monitoramento constante da floresta é essencial. Existe ainda o cuidado com a adubação. No caso dos psilídeos, quanto menos nitrogênio o silvicultor usar na época de pico populacional, menos a praga conseguirá se desenvolver. Segundo a Dra. Dalva Luiz de Queiroz, pesquisadora na área de entomologia da Embrapa Florestas, de maneira simplificada, os psilídeos são insetos saltadores, sugadores de plantas, muito pequenos e parecidos com minúsculas cigarrinhas. O comprimento médio deles é de, aproximadamente, 2mm. Eles sugam a seiva das plantas, deixando-as fracas e sem energia para crescer e desenvolver. Alguns deles podem transmitir viroses ou injetar substâncias tóxicas que causam deformações. Eles também produzem grande quantidade de excrementos que se acumulam sobre as folhas, servindo de substrato para o crescimento de fungos. Esses fungos, mais conhecidos como fumaginas, crescem, se espalham sobre as folhas e as cobrem. Com isso, a planta não consegue realizar a fotossíntese — explica a pesquisadora. Como exemplo, ela cita o psilídeo de concha, que constrói uma capa protetora parecida com uma mini concha branca. Já os psilídeos das ponteiras, são muito pequenos e exigem bastante cuidado, principalmente em relação às brotações novas. Em caso de altas populações, ele pode causar vários danos às plantas, diminuindo a produtividade da floresta. Os psilídeos são muito específicos com relação aos hospedeiros, ou seja, uma espécie de psilídeo ataca apenas uma espécie de planta ou plantas do mesmo gênero. Hoje, existem algumas técnicas de controle. No entanto, a mais importante delas é o manejo integrado — afirma a entrevistada. Para ela, o produtor deve sempre pensar se realmente precisa fazer o controle. Nesse caso, quando as medidas de controle são necessárias, existem três diferentes tipos de cenários. Em primeiro lugar, o produtor deve escolher variedades resistentes à praga antes de plantar a floresta. Já em segundo lugar, caso o produtor tenha plantado, é necessário que ele faça um monitoramento para detectar a praga antes que ela cause grande prejuízo — orienta Dalva. A terceira situação, ainda segundo a pesquisadora, leva em consideração a presença da praga na floresta. Nesse caso, é preciso que o silvicultor tome providências. Para isso, ele deve verificar o nível da infestação, se existem inimigos naturais e quais são as condições ambientais do local, já que os psilídeos não gostam de chuva. Em último caso, entra-se com o controle químico. A época da adubação também influencia no ataque. Isso porque os psilídeos precisam de bastante nitrogênio para se desenvolver. Então, o produtor não deve fazer uma adubação nitrogenada pesada na época de pico populacional, ou seja, no período de inverno — orienta. Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Florestas através do número (41) 3675-5600. Fonte: portaldoagronegocio.com.br

18.11.11

Estudo alerta para o baixo crescimento da oferta de florestas plantadas: Até 2020 o déficit de área de florestas plantadas será da ordem de 2,3 milhões de hectares

Um setor cujo valor bruto da produção alcança quase R$ 52 bilhões - o equivalente a 17% da produção agrícola brasileira, a silvicultura tem se transformado em uma economia de mercado no País. Vem recebendo investimentos expressivos e apresenta potencial agressivo de crescimento, tanto em função da demanda do setor de celulose e papel, quanto dos segmentos de painéis reconstituídos, biomassa e carvão. Um setor cujo valor bruto da produção alcança quase R$ 52 bilhões - o equivalente a 17% da produção agrícola brasileira, a silvicultura tem se transformado em uma economia de mercado no País. Vem recebendo investimentos expressivos e apresenta potencial agressivo de crescimento, tanto em função da demanda do setor de celulose e papel, quanto dos segmentos de painéis reconstituídos, biomassa e carvão. Contudo, o ritmo de crescimento da produção florestal não deverá ser suficiente para atender a demanda, destacadamente da parte da indústria de celulose e papel. O alerta foi feito por Jefferson Bueno Mendes, presidente da Pöyry Silviconsult, maior empresa de consultoria especializada em negócios florestais. Trabalhando em conjunto com todos os players do setor florestal brasileiro, com soluções nas áreas de gestão florestal, posicionamento socioambiental e inteligência de mercado, a Pöyry Silviconsult apresentou um estudo aos executivos do setor comparando a evolução da oferta de madeira proveniente de florestas plantadas com as projeções de crescimento da demanda das indústrias de base florestal. Em síntese, para atender o crescimento previsto das indústrias de papel e celulose, painéis reconstituídos, biomassa, carvão, madeira serrada e laminados, o estudo aponta para um déficit mínimo da ordem de 1,3 milhão de hectares plantados até 2020. Especificamente em relação ao setor de papel e celulose, espera-se uma produção adicional da ordem de aproximadamente 10 milhões de toneladas de celulose, volume inclusive inferior aos projetos já anunciados, que somam 17 milhões de toneladas/ano de celulose até 2020. Caso todos os projetos sejam implantados, o déficit de área plantada será da ordem de 2,3 milhões de hectares. "Hoje há um risco de uma dissociação regional entre oferta e demanda, ou seja, um descompasso entre a previsão de plantio de florestas e os projetos industriais em andamento e já anunciados, além da demanda prevista em outros setores", destacou Jefferson Bueno Mendes. Ele lembrou que a indústria de celulose é responsável por absorver 37,5% da produção de madeira, mas outros setores estão em expansão. A demanda por painéis reconstituídos, por exemplo, cresce aproximadamente 10% ao ano e até 2017 deverá ampliar sua capacidade de produção em 3,8 milhões de toneladas, inclusive substituindo em parte os produtos serrados e compensados, cujo consumo vem acompanhando apenas a evolução do PIB. Já a biomassa florestal -- um mercado emergente no Brasil e no exterior, e que desponta com grande potencial como fonte de energia renovável -- também deverá ampliar a demanda por madeira proveniente de florestas plantadas, crescendo no mínimo 3,5% ao ano. Há ainda o segmento de carvão, que atualmente absorve 10% da madeira produzida. Embora seja ainda um mercado em estruturação, a tendência também é de consumo crescente, aproximadamente 6% ao ano até 2020. "Para dar sustentação ao seu próprio crescimento acelerado, a agroindústria tem uma demanda cada vez maior", lembrou o presidente da Pöyry Silviconsult, ao ressaltar a necessidade de expansão das florestas plantadas. As regiões que concentram atualmente os ativos florestais não têm capacidade expressiva de ampliação da área plantada -- caso das regiões Sul e Sudeste, que representam 75% da produção florestal. Para compensar esse problema, as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste começam a despontar como alternativas. Há, portanto, diversas oportunidades de mercado, não só no contexto nacional, mas também no internacional, com a Europa migrando cada vez mais para uma energia verde. Em contrapartida, questões como o novo projeto de lei que restringe a compra de terras por estrangeiros, podem impactar este mercado. O presidente do Grupo Pöyry, Marcelo Cordaro, observa que é necessário não só ampliar a produção florestal, mas também promover a gestão da produtividade. "Quando se observa a curva de custos, constata-se que não dá mais para contar apenas com a vantagem natural brasileira", complementou Cordaro. ASSOCIAÇÃO DE SUCESSO A Pöyry Silviconsult é resultado da associação do Grupo Pöyry - multinacional finlandesa de consultoria e serviços de engenharia - e da Silviconsult, segunda maior empresa brasileira de consultoria para empresas de base florestal do Brasil, sediada em Curitiba, no Paraná. Há 21 anos no mercado, e contando com uma equipe de especialistas com larga experiência na iniciativa privada, a empresa oferece soluções sustentáveis para negócios florestais, gestão socioambiental e inteligência de mercado. Juntamente com a Pöyry Tecnologia, oferece soluções globais e sustentáveis para toda a cadeia produtiva do setor florestal. Fonte: www.silviconsult.com.br

17.11.11

Relatório do Código Florestal será lido na CMA na segunda e votado na quarta

Prevista inicialmente para esta quinta-feira (17), a leitura do relatório de Jorge Viana (PT-AC) sobre o novo Código Florestal , na Comissão de Meio Ambiente (CMA), foi transferida para a próxima segunda-feira (21), com a votação do texto confirmada para quarta-feira (23). O adiamento foi motivado pela falta de tempo para exame das 62 emendas apresentadas ao projeto e pela dificuldade de entendimento sobre os aspectos polêmicos do texto, deixados para análise na CMA, última comissão antes do Plenário. - A Comissão de Meio Ambiente recebeu esse material [o substitutivo do PLC 30/2011] só na sexta-feira. Tivemos um feriado no início desta semana e ficou mais difícil para o relator conversar com os diversos senadores sobre as mudanças que estão sendo feitas por entendimento - explicou Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da CMA. No mesmo sentido, Jorge Viana argumentou que a reforma do Código Florestal "não é um tema fácil" e deve ser "uma decisão do país". Ao pedir o adiamento da leitura do relatório, ele disse querer evitar a apresentação de um texto que contenha "surpresas" sobre aspectos polêmicos. - Conter um ou outro ponto novo, tudo bem. Mas naqueles pontos que geraram polêmica, não pode ter surpresa, nem para quem pensa de um jeito e nem para quem pensa de outro. O tempo que precisamos agora é para aperfeiçoar o texto e para buscar o entendimento - reforçou o relator. Questões Polêmicas Entre as questões polêmicas, estão os critérios para recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs). Na opinião de Rollemberg, esse é o ponto mais complexo do código, "em função da diversidade de biomas e do processo histórico de ocupação [do território brasileiro]". Como o projeto voltará à Câmara, mudanças nesse e em outros aspectos divergentes do texto estão sendo negociadas também com os deputados. E em decorrência da prerrogativa de veto da Presidência de República, Jorge Viana também tem mantido conversas com representantes do governo federal. Conforme relatou, o último encontro foi realizado na quarta-feira (16) com os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

16.11.11

Tempo para patente verde deve cair

NPI, órgão que concede o registro, quer reduzir prazo de aprovação de oito para dois anos. Há 154 mil pedidos na fila sob avaliação de 273 técnicos.
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável por examinar os pedidos de patentes no Brasil, quer reduzir de oito para dois anos o período de aprovação das patentes verdes no País, relacionadas a energia solar e eólica, bioetanol, biodiesel e assim por diante. O programa-piloto deve durar um ano e começará na Rio+20, encontro que reunirá quase 200 países no Brasil em junho do próximo ano para tratar de desenvolvimento sustentável. Dependendo da procura, pode ser prorrogado por mais um ano. De acordo com Patrícia Carvalho dos Reis, gerente do Projeto Patentes Verdes e examinadora do INPI, países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Coreia e Japão dão prioridade para as invenções sustentáveis. Segundo ela, na Grã-Bretanha, a decisão sobre uma patente verde leva nove meses. Na Coreia, quatro. "Eles separam as patentes com enfoque sustentável, que ajudam a reduzir ou mitigar problemas ambientais, e elas vão para uma via expressa", conta. Para ela, é importante "colocar mais rápido essas tecnologias no mercado, torná-las disponíveis para a sociedade". "São invenções maravilhosas que ficam guardadas", ressalta. São feitos cerca de 500 depósitos de patentes verdes por ano no Brasil. Os inventores e as empresas perdem com a demora porque a propriedade intelectual tem duração de 20 anos, a partir do depósito da patente. Assim, se a aprovação ocorre em 8 anos, só restam 12 anos para explorar comercialmente a invenção. Depois disso, a tecnologia cai em domínio público. "A morosidade afeta a rentabilidade. E, em muitos casos, quando a patente é aprovada, a tecnologia já ficou ultrapassada", diz o advogado Marcello do Nascimento. Ele integra o escritório de advocacia David do Nascimento, que presta assessoria na área de propriedade intelectual. Um dos motivos para a demora é o baixo número de examinadores. O País conta com 273 pessoas para a função. Como são 154 mil pedidos que aguardam exame (em todas as áreas, não apenas na de sustentabilidade), é como se cada examinador tivesse de dar conta de 564 processos. Patrícia, por exemplo, neste momento analisa pedidos de 2004. Como comparação, na Europa existem 4.951 examinadores e 315,2 mil pedidos esperando análise - o que dá uma média de 63,6 pedidos por pessoa. Lá, a aprovação da patente leva quatro ano se meio. Nos EUA, a espera é de um ano a menos que na Europa. Existem 5.477 examinadores no escritório americano. Evolução - Dados do INPI mostram que os pedidos de patentes verdes no País feitos por autores brasileiros entre 2001 e 2010 têm crescido. Para o pesquisador em produção intelectual Eduardo Winter, coordenador do programa de pós-graduação do INPI, isso mostra que a cultura do inventor brasileiro está mudando e ele está mais consciente da importância de proteger o que cria. "Produzimos mais do que protegemos. A proteção era e ainda é subutilizada no País. Mas tem havido um aumento da conscientização", opina. Já os depósitos de patentes verdes feitos por inventores estrangeiros no Brasil vão no sentido inverso. Em geral, eles tiveram ápice no período de 2004 a 2006 e, desde então, estão em queda. A exceção é no setor do bioetanol, que em 2010 voltou a ter um aumento de pedidos - foram 47 no ano passado contra 49 de 2006. Para Winter, a queda pode ter vários motivos. Ele avalia que as empresas estrangeiras podem ter perdido o interesse no mercado consumidor brasileiro ou consideram que o Brasil não tem capacidade tecnológica para reproduzir a tecnologia e, portanto, não oferece risco. "Nesse caso, poderão continuar vendendo tecnologia para o Brasil." Foco - A concentração de pedidos entre 2004 e 2006 reflete a fase de grande preocupação ambiental. Foi em 2005 que entrou em vigor o Protocolo de Kyoto, que obriga os países industrializados a cortar as emissões de gases-estufa, que provocam o aquecimento global. Para atingir as metas, os países precisaram buscar tecnologia mais limpa. Fonte: O Estado de São Paulo

15.11.11

Unidades de Conservação podem render cerca de R$6 bilhões por ano

Segundo estudo, estas áreas trazem benefícios econômicos diretos e indiretos decorrentes de sua manutenção sustentável As Unidades de Conservação brasileiras são fontes de recursos econômicos por conta do pontencial de crescimento de parques nacionais, áreas de proteção ambiental e o bioma Mata Atlântica. Elas podem render cerca de R$6 bilhões por ano. É o que revela o estudo “Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional”, idealizado pelo MMA (Ministério do Meio Ambiente) e pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Embaixada Britânica e a GIZ (Cooperação Internacional Alemã). Segundo análises da pesquisa que foram divulgadas recentemente, mesmo com o elevado potencial econômico das UC para a economia nacional, ainda há um baixo investimento em sistemas de áreas protegidas por hectare, em comparação com outros países. Em média, são investidos R$ 156 mil por hectares nos Estados Unidos, R$ 110,39 mil na Nova Zelândia e em terceiro R$ 67 mil na África do Sul. “A locação de recursos de conservação e política ambiental no Brasil estão paradas, não há grandes investimentos”, afirmou o economista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Carlos Eduardo Young, durante webcast promovido pela ONG SOS Mata Atlântica, através da sua rede social Conexão Mata Atlântica, nesta terça-feira (18). O economista avaliou que as UCs têm valor econômico e explicou que apenas a produção de toras de madeira extraídas de áreas manejadas de florestas nacionais e estaduais da Amazônia pode gerar de R$ 1,2 bilhão a R$ 2,2 bilhões por ano. “Se elas forem bem tratadas com um corte sustentável, pode-se ter um enorme potencial na geração”, comenta Young. No campo do turismo ecológico realizado nos 67 parques nacionais brasileiros, o volume de recursos gerados pode ser de R$ 1,6 bilhão a R$ 1,8 bilhão por ano, estimando-se a quantidade de turistas brasileiros e estrangeiros. “As UCs possuem um potencial de visitação ecológica de três a quatro milhões de pessoas por ano. Em média as visitações ocorrem em apenas cinco parques”, alerta Young. Outro ponto importante destacado no webcast, que também contou com a participação da coordenadora do Instituto Semeia, Renata Weiss e do coordenador do Programa Bahia do Instituto Arapyau, Alexandre Prado é que as unidades de conservação brasileiras impedem a emissão de cerca de 2,8 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera. Isto significa um ganho valorado em torno de R$ 96 milhões. Sobre os diferentes usos da água pela sociedade, 80% da hidroeletricidade do país vem de fontes geradoras, 9% da água para consumo humano é diretamente captada em UCs e outros 26% também de fontes destas unidades. Ainda segundo o estudo, em 2009 a receita real de ICMS Ecológico repassada aos municípios pela existência de unidades de conservação em seus territórios foi de R$ 402,7 milhões. A receita potencial para 12 estados que ainda não têm legislação de ICMS Ecológico seria de R$ 14,9 milhões. “As cidades que têm as UCs, possuem um custo benefício alto, pois terão um crescimento social, econômico e ambiental por conta do ecossistema na localidade”, ressalta Young. “A geração de emprego, imposto e renda para o uso das UC é forte. Tem também o manejo comunitário, pois necessita de uma mão-de-obra local. Temos que perder o preconceito da reutilização da floresta e usá-la com consciência”, vislumbra Young. Para Renata Weiss, a conservação e desenvolvimento andam juntos. “Este estudo é o início dos primeiros passos para haver uma maior divulgação dessas informações sobre os benefícios que as UC trazem para o país”, projeta. Alexandre Prado mencionou durante o debate que, com a nova elaboração do Código Florestal, as unidades de conservação não podem ser ilhadas. “Caso isso ocorra, elas perdem suas características e possibilidades. Esta questão das UC e seus investimentos existe há tempos. Não é de agora. É um tiro no pé na proposta das futuras gerações”, prevê. Carlos Young ainda alertou que o Código Florestal tem que ser melhorado em um sentido diferente do atual, com uma valorização dos serviços ambientais. “O sentido disso é para poder incentivar o uso racional e sustentável das UC. É crucial colocar em debate para o novo Código Florestal e ter objetivos focados”, finaliza. Fonte: CeluloseOnline

14.11.11

Podas de cajueiro geram eletricidade

Desenvolvido na Alemanha, projeto de uma termelétrica à base de cajueiro pode ser implantado no Ceará
Com 400 mil hectares plantados de cajueiros, dos quais 300 mil em manejo, o Ceará tem às mãos, ou melhor, nos pés de caju, uma nova fonte de energia elétrica alternativa, a partir dos resíduos gerados pela poda das árvores, com as cascas ou ainda com o óleo das cascas das castanhas. Tudo isso sem afetar a produção, que neste ano deve resultar em 164.842 toneladas de castanhas "in natura". Desenvolvido pela Universidade de Brandenburg, na Alemanha, em parceria com as empresas J. Ésio Engenharia e Newtech Energys, o projeto prevê a instalação de duas usinas termelétricas, com capacidade de geração de energia elétrica de cinco megawatts por hora (MW/h), cada uma, nos municípios de Pacajus e Icapuí. Orçado em R$ 20 milhões, o projeto das termelétrica à base de resíduos do cajueiro foi exposto ontem, na Fiec, para empresários e representantes da cajucultura. Mercado Com capacidade para produzir até 40 mil MW/h, por ano, volume suficiente para abastecer 36 mil residências populares, a termelétrica foi concebida para processar mudas e raízes de plantas, com potencial calorífico, a exemplo da madeira do cajueiro, sabiá, marmeleiro etc. O projeto foi desenvolvido pela Divisão de Termoelétricas da KWT e Centrun Fur Energietechnologie Brandenburg Alemanha, que tem à frente o engenheiro Hans Joachim Krautz . Segundo o engenheiro, José Ésio dos Santos, a proposta da termelétrica é agregar valor e renda e promover o desenvolvimento sustentável da cajucultura no Nordeste. Conforme explicou o gerente comercial da Pollux Comercializadora de Energia, Marcos Dias, a energia gerada nessas usinas pode ser lançada à rede do sistema ONS, comercializada no mercado livre ou utilizada pelas próprias empresas produtoras e beneficiadoras de castanha de caju, reduzindo custos e ampliando a sustentabilidade. Planta piloto Para o coordenador da Área de Apoio às Cadeias Produtivas do Indi, da Fiec, Francisco Férrer, o projeto é interessante por ser uma alternativa a mais de geração de energia elétrica no Ceará. Diante do consumo de 4,5 milhões de m³ de lenha, por ano, no Ceará, Férrer sugeriu a ampliação dos estudos para utilização de outros tipos de resíduos, como cascas de coco, palhas de arroz e milho. Se o financiamento no Banco do Nordeste e as licenças da Semace forem liberados logo, as obras da primeira unidade serão iniciadas em janeiro próximo, e os testes operacionais no fim de 2012. Fonte: confea.org.br

12.11.11

Alternativa de cultivo de eucalipto privilegia produção de biomassa

Técnica está sendo aprimorada por pesquisadores em floresta de Botucatu (SP) Uma nova tecnologia para o cultivo de eucalipto para a produção de energia está em fase experimental em Botucatu, no interior de São Paulo. Em uma área de 10 hectares, a equipe de pesquisadores do Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), ligado à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, faz experimentos para otimizar o plantio voltado para a produção de biomassa. Quatro tipos de espaçamentos estão sendo testados, com até cinco vezes mais árvores por hectare do que normalmente é plantado. Também está sendo estudado o tipo de clone que melhor se adéqua ao objetivo. As mudas são cultivadas em estufas climatizadas com umidade controlada e aos 45 dias são transplantadas para o terreno. O projeto terá três anos de duração, com avaliações econômicas e de desempenho antes de ser disponibilizado para o mercado. “Periodicamente realizamos testes para verificar o rendimento da plantação. A floresta mais densa, por exemplo, gera competitividade entre os indivíduos que precisam se esticar para obter luz solar, o que resulta em árvores mais esguias e alongadas. Como as árvores não serão utilizadas para lenha ou chapas de madeira o diâmetro não é o mais importante”, explica Saulo Guerra, engenheiro florestal e coordenador do Nempa. O pesquisador vai apresentar o projeto no Fórum Brasileiro de Biomassa Florestal, no dia 19 de novembro, em Lages (SC), com a palestra “Alternativas para a colheita florestal, com foco na produção de biomassa”. “Um dos diferenciais dessa alternativa é o tempo reduzido de colheita, que é de um ano e meio a dois, enquanto o método tradicional exige de cinco a sete anos para o primeiro corte. Depois de cortados, os eucaliptos crescem novamente sem necessidade de replantio, pelo menos nesse primeiro momento”, destaca o especialista. A colheita precoce do eucalipto será realizada em 2012, nos moldes de uma cultura de linha, como cana ou milho e em seguida transformada em cavaco pelo mesmo equipamento, já pronto para ser transportado. Guerra ressalta que existe pouca produção de eucalipto destinada à produção de biomassa e que esse pode ser um nicho interessante para o empresariado brasileiro. “Até 2020 o continente europeu pretende ter 20% da sua energia proveniente de fontes renováveis. Esse aumento na demanda pode se converter em uma oportunidade de negócios para o Brasil”, observa. Evento O Fórum faz parte da programação do Florestal&Biomassa - Encontro Latino-americano de Base Florestal e Biomassa, que será realizado de 17 a 19 de novembro, no Parque de Exposições Conta Dinheiro, de Lages (SC). O evento ainda terá o 3° Congresso Internacional do Pinus, e a Expo Florestal&Biomassa, uma feira de insumos e produtos da silvicultura, máquinas e equipamentos para as indústrias de madeira, papel e celulose e biomassa, vai levar até os visitantes as principais novidades para a atividade florestal. O evento é uma realização do Sindimadeira de Lages e da Associação Rural de Lages, com promoção e organização da Hannover Fairs Sulamérica e apoio do Governo de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte com o Funturismo, e das Prefeituras de Lages, Otacílio Costa e Correia Pinto, entre outras importantes entidades. Fonte: florestalbiomassa.com.br

11.11.11

Paricá é uma alternativa competiviva ao eucalipto e ao pinus na indústria

Toras possuem tamanho ideal para retirada de lâminas de compensado. Resíduos da fabricação e pontas vão para a produção de MDF no Pará. Há 17 anos, Silvio Danholuzo começou a selecionar sementes de paricá na floresta para formar um campo de matrizes. São ao todo 2.500 árvores plantadas por ele na fazenda Concrem, no município de Dom Eliseu no estado do Pará. Com sementes colhidas das árvores da fazenda, são produzidas cinco milhões de mudas de paricá por ano. A técnica empregada no viveiro e no plantio das mudas segue o mesmo manejo adotado para a cultura do eucalipto. Hoje a fazenda tem 17 mil hectares de paricá. O reflorestamento tem árvores com várias idades diferentes para permitir a colheita de madeira durante o ano inteiro. Veja no vídeo como é feito o plantio em solo seco com o uso de hidrogel. Toda a produção de paricá de Dom Eliseu é direcionada para a fabricação de compensado. Cada árvore produz de três a quatro toras de dois metros de comprimento, tamanho ideal para entrar no torno que retira as lâminas de compensado. O processamento do paricá no torno só foi possível graças a uma mudança feita pelo Silvio Danholuzo nas engrenagens da máquina. Ele introduziu rolamentos que tracionam a guilhotina do torno automaticamente de acordo com a espessura da tora que entra na boca da máquina. Isso permitiu laminar o paricá que tem de 10 a 40 centímetros de diâmetro. Hoje o torno tracionado é fabricado em escala comercial. Na região de Dom Eliseu existem 40 tornos em funcionamento. Eles abastecem as fábricas de compensado da região que produzem 50 mil metros cúbicos de placas por mês. O compensado é vendido no mercado interno para uso na construção civil. Um outro mercado importante é a exportação das lâminas de paricá solteiras, sem a montagem das placas. Um produto leve e que é muito cobiçado nos Estados Unidos para revestir pisos e paredes internas de casas de madeira. Os resíduos da fabricação do compensado e as pontas de madeira que não servem para a laminação vão para a fábrica de MDF instalada em Pargominas. O MDF é uma placa de aglomerado de madeira que, pelo seu processo de fabricação, adquire boa resistência e estabilidade, características muito importantes para a indústria de móveis. A indústria instalada no município de Paragominas processa 300 toneladas por dia, metade de paricá e metade de eucalipto. A madeira é triturada e recebe resina sintética para aglutinar as fibras. As chapas podem receber vários tipos de acabamento, de acordo com a finalidade. A tecnologia entregada hoje permite produzir chapas resistentes a umidade e aos cupins. Com o MDF é possível produzir qualquer tipo de móvel modulado. Hoje boa parte das placas fabricadas em Paragominas é utilizada no pólo moveleiro instalado na região. O plantio de paricá também pode beneficiar os pequenos produtores da região. Marcelo Soares está colhendo 15 hetares de paricá por ano. Além disso ele já testou com sucesso o consórcio do paricá com milho, mandioca, feijão e girassol. Com parque moveleiro moderno e matéria prima renovável, através do plantio de árvores nativas como o paricá, Paragominas e outros municípios do sul do Pará estão deixando para trás a fama de campeões na destruição de florestas. São 60 milhões de pés de paricá que se renovam ano a ano e ajudam a preservar a floresta nativa. No Brasil, o eucalipto e o pinus ocupam quase 99% da área total de florestas plantadas. As outras madeiras, juntas, ocupam pouco mais de 1%, apenas. O paricá, pelas suas qualidades, pode se tornar a primeira espécie brasileira a disputar novos espaços num setor tão competitivo. Fonte: painelflorestal.com.br

10.11.11

Níveis de CO2 estão mais altos que cenário mais pessimista de cientistas

Departamento de Energia dos Estados Unidos calcula que a emissão de CO2 chegou à maior quantidade já registrada e aponta que países do Protocolo de Quioto conseguiram cumprir suas metas, mas Estados Unidos, China e Índia somaram mais da metade do aumento Em 2010, após a crise financeira ocorrida em 2008 e 2009, o mundo começou a retomar seu desenvolvimento econômico, mas não foi só a economia que cresceu. Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, as emissões globais de dióxido de carbono subiram 6% no último ano, atingindo o mais alto nível já registrado. De acordo com o Departamento, a liberação mundial de gases do efeito estufa (GEEs) aumentou em 564 milhões de toneladas (512 milhões de toneladas métricas) em relação à taxa de emissão de 2009. “É um grande salto. Do ponto de vista das emissões, a crise financeira global parece ter acabado”, declarou Tom Boden, diretor do Departamento de Energia do Centro de Análise da Informação do Laboratório Nacional Oak Ridge dos Estados Unidos, à Associeted Press (AP). “Quanto mais falamos sobre a necessidade de controlar as emissões, mais elas estão crescendo”, alertou John Reilly, co-diretor do Programa Conjunto de Ciência e Política de Mudança Global do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Esse aumento nas emissões foi causado em grande parte pelos Estados Unidos, pela China e pela Índia, já que os países que assinaram o Protocolo de Quioto conseguiram reduzir sua liberação de carbono em 8% em relação aos níveis de 1990, diminuindo sua contribuição nas emissões mundiais de 60% em 1990 para menos de 50% atualmente. Com esses dados, é possível perceber o quão alarmante é a situação, já que mesmo com a redução das emissões nos países do Protocolo, elas continuam a crescer. Para Granger Morgan, diretor de engenharia e do departamento de políticas públicas da Universidade de Carnegie Mellon, é “realmente desalentador. Estamos gerando um legado horrível para nossos filhos e netos”. Esse nível de aumento já ultrapassou o pior cenário projetado por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007, que previram que as temperaturas globais aumentariam entre 2,4 e 6,4 graus Celsius até o final do século, sendo a estimativa mais provável a de quatro graus Celsius. E com o crescimento desenfreado de países como a China e a Índia, esta condição só tende a piorar. No entanto, segundo Reilly, esse crescimento tem seu lado positivo, pois vem permitindo que muitas pessoas melhorem suas condições de vida, porém é importante buscar alternativas menos impactantes ambientalmente para que essa melhora ocorra integralmente. “A boa notícia é que essas economias estão crescendo rapidamente. Melhorias econômicas mais amplas em países pobres têm trazido melhorias de vida às pessoas. Mas fazer isso com dependência crescente no carvão está pondo o mundo em perigo”, alertou o codiretor. Mas há indícios de que estes países estão tomando algumas atitudes, ainda que poucas, para contribuir para um desenvolvimento de baixo carbono. Nesta semana, por exemplo, a China decidiu banir as importações de lâmpadas incandescentes de 100 MW ou mais a partir de outubro de 2012, as de 60 MW a partir de 2014, e as de 15 MW a partir de 2016. Essa eliminação ajudaria o país a economizar 48 milhões de kWh e a reduzir 48 milhões de toneladas anuais de carbono assim que todas as lâmpadas incandescentes fossem abolidas. Além de contribuir com a mitigação das emissões chinesas, o plano também auxiliaria na diminuição de emissões em outros países, já que das 3,85 bilhões de lâmpadas incandescentes que a China produziu em 2010, apenas 1,07 bilhões foram consumidas domesticamente. Nos Estados Unidos, um plano semelhante será adotado a partir de 2012; na Europa, a abolição gradual das lâmpadas incandescentes vem acontecendo desde 2008. “Precisamos realmente incluir o mundo em desenvolvimento (na mitigação das emissões) porque se não o fizermos, o problema vai escapar de nosso controle. E o problema está muito perto de escapar de nosso controle”, refletiu Andrew Weaver, cientista climático da Universidade de Victoria. Fonte: institutocarbonobrasil.org.br

9.11.11

AFINAL, PARA QUE SERVEM OS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE?

Há não muito tempo, o termo sustentabilidade era visto como acessório, ou uma forma de “devolver alguns benefícios à comunidade”, conceito que se confundia, inclusive, com as atividades de filantropia. Atualmente, vislumbramos um ambiente no qual as corporações proativas competem entre si para reduzir a sua “pegada” ambiental, tornando o seu portfólio “mais verde”, juntamente com a sua cadeia de suprimentos.
Uma história semelhante pode ser contada sobre os relatórios de sustentabilidade. Apesar de existirem há pelo menos 20 anos, apenas na década passada é que estes documentos passaram a ser usados como ferramenta de medição de performance e engajamento com as partes interessadas. Hoje, o reporte das informações não-financeiras é percebido cada vez mais como essencial, e é sistematicamente inserido no ciclo normal de operações de uma organização. Para o bem e para o mal, o relato de informações de sustentabilidade também se profissionalizou nos últimos anos. A questão-chave é saber se todo esse desenvolvimento está alinhado às expectativas do público que efetivamente lê tais informações. Com o objetivo de entender essa questão, a pedido da GRI (Global Reporting Initiative), a KPMG, juntamente com a SustainAbility e a Futerra, conduziu uma pesquisa com mais de 5.000 leitores de relatórios de sustentabilidade. O objetivo foi obter insights do motivo pelo qual as organizações reportam seu desempenho em sustentabilidade e se as necessidades dos leitores estão sendo atendidas. A primeira conclusão é que estes reportes saíram da esfera “eurocêntrica” e passaram a ter uma atenção global, em especial no Brasil. Mais de 70% dos respondentes da pesquisa eram leitores brasileiros. O índice de chineses e indianos também subiu consideravelmente em relação à primeira edição, realizada há dois anos. Os dois principais motivos citados para reportar foram a melhoria dos processos internos e a contabilização da performance em sustentabilidade. Entretanto, os leitores e os “reportadores” discordam sobre o papel do relatório como ferramenta de engajamento junto aos stakeholders. Mais da metade dos “reportadores” escolheu o relatório como um dos principais motivos para divulgação das informações, enquanto menos de 20% dos leitores dizem usar o documento como fonte de informação de como se relacionar mais amplamente com uma organização. Este desalinhamento não é apenas semântico, e levanta questões complicadas a respeito do papel da divulgação destas informações, indicando que a forma e as estratégias de engajamento das partes interessadas devam ser revistas, bem como a escolha dos temas materiais a serem relatados. Outro tema apareceu na pesquisa de modo claro: apesar de os leitores confiarem na seriedade dos reportes, apenas 10% consideram que os relatórios apresentados demonstram uma visão completa das organizações. Existe uma percepção que nem sempre os temas “desconfortáveis” para as empresas são tratados de maneira adequada. Para dar credibilidade às informações, os leitores citam a verificação externa independente como a melhor forma de evitar tal distorção, e os prêmios recebidos, como a pior. O fato é que os relatórios de sustentabilidade podem ser entendidos como uma ferramenta de mudança. Por meio deles, as pessoas buscam informações extras antes de comprar um produto ou serviço, ou até aceitar uma oferta de trabalho. Um terço dos leitores afirmou que é inspirado pelos relatórios a repensar os processos de sua empresa e a buscar aprofundar a agenda de sustentabilidade, ou seja, estas informações, quando divulgadas de maneira transparente e crível, ajudam a influenciar os leitores e as outras organizações. Ricardo Zibas, gerente sênior da área de Climate Change & Sustainability Services da KPMG no Brasil. Fonte: abrampa.org.br

6.11.11

Novo código deve prever regra para agricultor que quebrar compromisso de recomposição florestal, diz Blairo Maggi

O senador Blairo Maggi (PR-MT) considera que o Programa de Regularização Ambiental (PRA), a ser previsto no novo Código Florestal, deve, além de definir prazos para o cumprimento dos compromissos de recuperação de passivo ambiental, explicitar que o descumprimento desses compromissos significará o retorno à situação original, ou seja, à execução das multas acrescidas de juros e correções.
Blairo Maggi esclarece que o projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2001) determina, como primeiro passo para a regularização das propriedades rurais, a inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR), que é declaratório. Ao se inscrever, o proprietário deverá apresentar planta com a localização dos remanescentes de vegetação nativa, áreas de preservação permanente (APPs), áreas consolidadas e de reserva legal, informando ainda se há irregularidades quanto às exigências da lei ambiental. - O governo aceita isso como definitivo, já que é declaratório - frisou o senador. Num segundo momento, o proprietário rural em situação irregular poderá aderir ao PRA, assumindo compromissos para a recomposição do passivo e prazos para o cumprimento dos compromissos. O projeto em discussão no Senado determina que, durante o período de cumprimento das obrigações, o agricultor não poderá ser autuado e serão suspensas as sanções pelo desmatamento de área protegida. O texto estabelece ainda que, uma vez cumpridas as obrigações do PRA, nos prazos e nas condições estabelecidas, as multas existentes "serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação do meio ambiente", ficando a propriedade regularizada. O projeto, no entanto, não prevê regra para o caso de descumprimento dos termos estabelecidos no PRA. Para essas situações, Blairo Maggi sugere que sejam aplicadas as sanções iniciais. - Se, lá no final, não for comprovada a situação que a pessoa se comprometeu cumprir, uma vez que foi um ato declaratório, ela volta ao débito original, com as multas corrigidas - sugere ele, a exemplo do que ocorre em programa implantado no Mato Grosso. Área consolidada Já em outro aspecto do texto aprovado na Câmara - a regularização de atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e de turismo rural existentes em APPs até 22 de junho de 2008 - o senador não vê espaço para negociação. A data fixada pelos deputados coincide com a edição do Decreto 6.514/2008, que prevê punições para crimes contra o meio ambiente. Alguns setores argumentam que o marco temporal deveria ser o dia 24 de agosto de 2001, data da edição da Medida Provisória 2.166-67, última alteração nas regras para áreas protegidas. - Qualquer mudança nesse sentido [retroceder a 2001], a Câmara vai rejeitar. O prazo de 2008 tem uma justificativa, pois foi quando o presidente Lula informou que as regras ambientais deveriam ser seguidas no país todo - disse, ao explicar que até aquele ano a exigência quanto à reserva legal só era cobrada na Amazônia legal. Agricultura familiar O parlamentar também não acredita que o projeto será alterado para que as exceções previstas para estabelecimentos rurais com até quatro módulos fiscais sejam limitadas a propriedades familiares. A restrição tem sido defendida em debates sobre o tema promovidos no Senado e conta com o apoio do governo federal. Para Blairo Maggi, é justo que a nova lei inclua capítulo específico de proteção na agricultura familiar, mas mantendo o benefício da isenção de recomposição de reserva legal para todas as propriedades com até quatro módulos fiscais, conforme o texto aprovado na Câmara. Para evitar que proprietários com áreas maiores dividam suas terras para ter acesso ao benefício, Blairo Maggi sugere que a lei estabeleça a isenção apenas para propriedades que em 2008 estavam registradas com até quatro módulos fiscais. Emenda nesse sentido foi apresentada pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), mas não foi acatada pelo senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), relator da matéria nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura (CRA), onde o projeto tramita atualmente. Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

5.11.11

Novo Código Florestal deve seguir para Plenário dia 22

O relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) sobre o projeto de reforma do Código Florestal deve ser votado no próximo dia 22 na Comissão de Meio Ambiente (CMA), seguindo então para decisão final em Plenário. A previsão é do presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSD-DF), que marcou a data depois de entendimentos com Jorge Viana
O projeto (PLC 30/2011) tramita neste momento nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), onde é relatado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC). A votação do relatório do senador catarinense está marcada para a próxima terça-feira (8), quando então a matéria seguirá para a CMA, última comissão antes do Plenário. Conforme Rollemberg, Jorge Viana apresentará seu voto na CMA no dia 16, quando deve ser concedida vista coletiva e marcada a votação do texto para a semana seguinte, no dia 22. Assim como ocorreu nas comissões de Ciência e Tecnologia e de Agricultura, também na CMA deverá ser feito acordo para que, após a leitura do relatório, emendas ao texto sejam feitas por destaque, o que regimentalmente evita novo pedido de vista. Ajustes Rollemberg acredita que os entendimentos em torno do novo código estão praticamente concluídos, havendo espaço para poucas mudanças. Ele vê a possibilidade de alterações nas regras para as cidades e a inclusão de capítulo específico de proteção da agricultura familiar. O senador também aponta outros possíveis ajustes, como a inclusão de norma para a recuperação de Área de Preservação Permanente (APP) em rios acima de dez metros de largura. O relatório de Luiz Henrique já prevê que, para rios com até essa largura, seja obrigatória a recomposição de apenas 15 metros de mata ciliar, e não 30 metros, que é a norma para APPs ripárias em rios com até dez metros de largura. Mas o texto é omisso quanto às regras de recomposição de matas nas margens de rios mais largos. Audiências Para subsidiar os senadores da CMA na votação da matéria, a comissão realizará três audiências públicas na próxima semana. Na quarta-feira (9), serão discutidas questões relativas às cidades; na quinta-feira (10), os senadores ouvem representantes dos comitês de bacias; e na sexta-feira (11), discutem a proteção das florestas. Também visando ampliar o conhecimento sobre o assunto, será realizada uma visita ao Mato Grosso, quando os parlamentares conhecerão locais onde foram realizadas experiências bem sucedidas de recuperação de áreas de preservação. Após a votação em Plenário, o projeto voltará para a Câmara dos Deputados, para exame das mudanças feitas pelos senadores. Os relatores Luiz Henrique e Jorge Viana trabalham para que as alterações contidas em seus votos sejam negociadas também na Câmara, para evitar a rejeição do texto. No mesmo sentido, o governo tem participado dos entendimentos, para que a Presidência da República não venha a vetar partes do projeto. Por conta desses entendimentos, por exemplo, Luiz Henrique não acatou emendas para incluir na nova lei florestal incentivos econômicos para recuperação e manutenção de áreas florestadas. Como as fontes para o pagamento por serviços ambientais devem incluir recursos orçamentários, o governo quer tratar a questão em lei específica, a ser enviada ao Congresso. Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

3.11.11

CNBB, ambientalistas, indígenas e camponeses pedem mudanças no projeto do Código Florestal

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras entidades que integram o Comitê Brasil em Defesa das Florestas apresentaram aos senadores, nesta segunda-feira (31), sugestões ao projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/11), para restringir atividades em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e de reserva legal. A principal modificação sugerida diz respeito a artigo do projeto que autoriza a manutenção de atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e de turismo rural existentes em APPs até 22 de junho de 2008 - data da edição do Decreto 6.514/2008, que determina punições para crimes contra o meio ambiente. Para Raul do Valle, do Instituto Socioambiental (ISA), a data é "inconcebível", uma vez que a última modificação na delimitação de APPs foi em 1986. Ele sugeriu que, pelo menos, seja acolhida emenda do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), apresentada quando da tramitação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), estabelecendo como marco temporal o dia 24 de agosto de 2001, data da edição da Medida Provisória 2.166-67, que alterou regras para áreas protegidas. A emenda foi rejeitada pelo relator na CCJ, Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). Atualmente, o projeto tramita nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura (CRA), onde também é relatado por Luiz Henrique. Na semana passada, o senador apresentou seu substitutivo nessas comissões e manteve 2008 como marco temporal para a regularização de atividades em APPs. Segundo Raul do Valle, sob argumentos em defesa de cultivos históricos, como de café, em Minas Gerais, e de uva, no sul do país, poderão ser consolidadas atividades insustentáveis, como as pastagens nas margens dos rios e nos morros. O dirigente do ISA também rebateu argumento relacionado ao custo da recuperação das áreas de preservação, citando pesquisas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), as quais indicam práticas simples de recuperação da vegetação, a partir do isolamento da área desmatada. Desastres naturais No debate, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, Dom Leonardo Steiner, ponderou que a preservação de APPs também é essencial para reduzir consequências de desastres climáticos e mesmo para evitar enchentes e deslizamentos de terras. Ele disse esperar que, na construção do novo código, a agenda econômica não fique acima da agenda ambiental. - A natureza tem reclamado muito desse modo de exploração. Não é por nada que temos tido no Brasil tantas enchentes, inundações e encostas descendo ­- disse o bispo, ao defender que o novo código tenha uma preocupação ética, que garanta o futuro do país. Comitês de bacias Representante da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani defendeu a participação dos comitês de bacias hidrográficas nas discussões sobre o Código Florestal. Segundo ele, esses comitês não vêm sendo ouvidos. Compostos por membros do governo e da sociedade civil, os comitês de bacias hidrográficas fazem parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Mantovani argumentou que não se deve regularizar a ocupação de margens de rios quando ainda for possível recuperar esses locais. E afirmou que "as conquistas da Lei da Mata Atlântica [Lei 11.428, de 22 de dezembro de 2006] deveriam ser levadas para o Código Florestal". Essa lei trata da utilização e da proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. Comunidades indígenas Representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Rosane de Matos disse que os indígenas também precisam ser ouvidos, para que não se faça com pressa "uma lei que deixe de fora populações que parecem estar invisíveis ao Estado". No debate, o senador Vicentinho Alves (PR-TO) observou que grupos indígenas do seu estado estão "bem antenados" e acompanham a discussão em torno da nova lei florestal. O parlamentar relatou preocupação das comunidades indígenas cujas áreas são cortadas pelo rio Xingu, uma vez que as nascentes ficam fora da reserva. O representante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Busato, denunciou a invasão por madeireiros, no Maranhão, das terras onde vivem os índios Awá Guajá, que estariam isolados e "sendo caçados". - Essas terras estão sendo invadidas e desmatadas ilegalmente. O Código Florestal não pode legitimar crimes e ilegalidade - disse Busato. Agricultura familiar O tratamento diferenciado para a agricultura familiar no novo Código Florestal foi defendido por todos os convidados. No início da audiência pública, Dom Leonardo Steiner lembrou preocupação da CNBB com esse segmento, "que vive da terra" e nem sempre consegue atender às exigências da legislação ambiental. No mesmo sentido, José Batista de Oliveira, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Via Campesina, enfatizou que a preservação de florestas não pode ser vista como conflitante com a produção de alimentos. Ele defendeu mudanças no modelo agrícola do país, para que seja mais sustentável e menos excludente. No debate, o senador Blairo Maggi (PR-MT) reafirmou sua posição de defesa dos pequenos produtores e da manutenção das atividades desenvolvidas nessas propriedades, mesmo que em áreas de preservação. Ao comentar o assunto, Raul do Valle disse considerar que o tratamento diferenciado deveria ficar restrito aos agricultores familiares, em vez de ser concedido a todas as propriedades com até quatro módulos fiscais, como previsto no projeto. Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado

1.11.11

Movimentos sociais defendem ressarcimento para recuperação de APPs e reservas legais

Representantes de movimentos sociais defenderam ontem (31) o ressarcimento financeiro a pequenos e grandes produtores para viabilizar a recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais.
No debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos do Senado, o advogado do Instituto Socioambiental (ISA), Raul da Silva Teles, disse que os fundos constitucionais podem ser usados para estimular os agricultores nesse processo de recuperação. A exploração financeira com o plantio provisório de árvores exóticas como o eucalipto em área de reserva legal seria outra forma de compensar grandes proprietários de terra. Teles destacou, no entanto, que nesse caso seja estabelecido, na proposta que tramita no Senado, um prazo para que paulatinamente essas plantações sejam substituídas por árvores nativas. Outro ponto apresentado por ele diz respeito ao prazo de 2008 - estabelecido atualmente no texto, de isenção do pagamento de multas e de recuperação de áreas consolidadas. Raul Teles considerou esse limite 'inconcebível' e defendeu a emenda do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) que altera esse prazo para 2001. O representante do ISA lembrou que existem estudos de universidades, órgãos governamentais e não governamentais que demonstram a possibilidade de melhoria da produtividade, principalmente na pecuária, sem a necessidade de aumentar o desmatamento. 'Com técnicas simples de manejo é possível manter e até aumentar a produtividade nessas áreas [APPs e reservas legais].' Dom Leonardo Ulrich Steiner, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), disse que a ciência tem mostrado que a preservação das matas não só no Brasil, mas no mundo de uma forma geral, é necessária para a polinização das plantas e o desenvolvimento também da agricultura. 'São coisas pequenas, mas fundamentais para o desenvolvimento da agricultura.' José Batista de Oliveira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também defendeu o uso de novas técnicas de manejo, por pequenos e grandes agricultores, para melhorar a produtividade e, ao mesmo tempo, recompor reservas legais. Ele citou, por exemplo, o sistema agroflorestal para os pequenos proprietários. O representante do MST também ressaltou que o novo Código Florestal não apresente distinções na aplicação de multas entre pequenos e grandes proprietários que desmatem APPs ou reserva legal. 'É importante avançar no modelo que queremos implementar para resolver a questão da alimentação em um mundo que já tem 7 bilhões de pessoas.' Fonte: Agência Brasil - Todos os direitos reservados.
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