31.8.10

Fundos criticam, mas já estudam alternativas

Marcelo Sales, co-gestor dos fundos florestais da Claritas, afirmou que a limitação à propriedade de terra por estrangeiros poderá ter impacto na expansão de projetos industriais que precisam de madeira para crescer. É o caso dos setores de papel e celulose e aço, afirmou. A Claritas foi uma das empresas que fez reuniões com advogados, ontem, para entender o efeito da decisão do governo. A decisão do governo de limitar a compra de terras por empresas brasileiras controladas por estrangeiros foi mal recebida por gestores de fundos de investimento em florestas que têm participação de capitais externos. Administradores de fundos florestais ainda tentavam entender, ontem, com a ajuda de advogados, o alcance da medida. Gestores ouvidos pelo Valor avaliaram que a limitação da propriedade da terra por estrangeiros é negativa para a imagem do Brasil no exterior. Outro impacto poderá ser a redução dos fluxos de investimentos para compra de terras e a formação de florestas no país. Henrique Aretz, diretor de investimentos da Brazil Timber Investment Management, gestora de investimentos do grupo Brazil Timber, avaliou que o maior efeito da restrição é institucional: "O principal problema da limitação está no reflexo da medida sobre a imagem ainda frágil do Brasil como porto seguro para investimentos." Aretz disse que do ponto de vista prático é possível criar alternativas para contornar a restrição e permitir que os estrangeiros continuem a investir. Entre as opções estudadas, estariam o arrendamento de terras e o estabelecimento de parcerias com proprietários de áreas produtivas no Brasil. A Brazil Timber vem analisando formar um fundo offshore para investimento exclusivo em florestas no Brasil, mas as notícias que vinham surgindo sobre uma possível restrição já tinham levado a empresa a adiar a estruturação do fundo ao passo em que se aprofundavam os contatos com os investidores. Agora, diz Aretz, será preciso reanalisar a forma como o fundo será montado. A Brazil Timber não é o único fundo interessado em investir em florestas no Brasil. Como o Valor já noticiou, fundos nacionais e estrangeiros têm comprometidos cerca de R$ 4,5 bilhões em investimentos em projetos independentes de produção de madeira no mercado brasileiro. A lógica dos fundos é formar florestas e fechar contratos de venda com consumidores de madeira como indústrias de papel e celulose, móveis e ferro-gusa. Esse é um negócio novo no país, que tem atraído investidores estrangeiros e também brasileiros, como fundos de pensão, em uma visão de longo prazo. Em geral, os fundos florestais trabalham com um retorno, em reais, entre 8% e 14% ao ano. Nesse cenário, os chamados "Timos" (sigla em inglês de Timberland Investment Management Organization), fundos de investimento florestais internacionais, desembarcaram no Brasil para concorrer com fundos de investimento nacionais. Fábio Brun, diretor para América do Sul da Resource Management Service (RMS), um dos maiores "Timos" do mundo, disse que a empresa ainda está tentando entender a profundidade e o impacto da decisão do governo. "Não sabemos ao certo o tipo de impacto, mas sabemos que ele existe", disse Brun. Ele avaliou que a decisão de que terras pertencentes a empresas brasileiras controladas por estrangeiros não poderão ultrapassar 25% da área de um município (mesma regra que já vale para o investidor estrangeiro pessoa física ou jurídica) terá impactos diferentes dependendo da região do país. Isso porque, segundo ele, há Estados como o Paraná com um número muito maior de pequenos municípios do que outros, como o Pará. A RMS investiu em florestas no Brasil em benefício do fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, o OTPP. A RMS está constituindo um fundo global com um grupo de investidores para investimento em florestas no Brasil, China, Austrália e Nova Zelândia. Segundo Brun, o fundo vai continuar a existir, mas existe boa chance de que o valor a ser destinado ao Brasil seja redirecionado para outro país. Marcelo Sales, co-gestor dos fundos florestais da Claritas, afirmou que a limitação à propriedade de terra por estrangeiros poderá ter impacto na expansão de projetos industriais que precisam de madeira para crescer. É o caso dos setores de papel e celulose e aço, afirmou. A Claritas foi uma das empresas que fez reuniões com advogados, ontem, para entender o efeito da decisão do governo. Fonte: Valor Econômico citado por FAEMG

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