Modelo de controle comunitário adotado em 60% a 80% das florestas mexicanas é considerado bem-sucedido. Na cidade de Ixtlán de Juárez, as decisões sobre a floresta são tomadas por um grupo de 390 moradores.
Libertar das ervas daninhas os jovens pinheiros plantados no ano passado é apenas o primeiro dos muitos passos que Ixtlán de Juárez precisa dar para sustentar as árvores até que cresçam, prontas para a derrubada daqui a meio século.Mas os moradores de Ixtlán pensam a longo prazo. "Somos donos dessa terra e tentamos conservar a floresta para nossos filhos", disse Alejandro Vargas.
Três décadas atrás, os índios zapotecas do Estado de Oaxaca, no sul do México, lutaram pelo direito de administrar a floresta como propriedade comunitária e saíram vitoriosos.Agora, as empresas da cidade empregam 300 pessoas que derrubam árvores, produzem móveis de madeira e cuidam da floresta, e Ixtlán se tornou referência internacional para gestão e propriedade comunitária de florestas, dizem especialistas.
Cerca de 60 das empresas florestais mexicanas, entre as quais a comunidade de Ixtlán, têm o certificado do Conselho de Guarda Florestal, da Alemanha, que avalia as práticas sustentáveis de exploração de florestas.Entre 60% e 80% das florestas que restam no México estão sob controle comunitário, de acordo com Sergio Madrid, do Conselho Cívico Mexicano de Exploração Florestal Sustentável.
EXEMPLO MEXICANO
"É surpreendente o que está acontecendo no México", disse David Barton Bray, especialista em gestão comunitária de florestas na Universidade Internacional da Flórida, que estudou Ixtlán.
Nos países em desenvolvimento, onde a lei tem alcance curto e a fiscalização é precária, não basta declarar que a exploração de uma floresta é proibida para evitar exploração ilegal ou desmatamento não autorizado."A menos que as comunidades locais tenham o compromisso de preservar as florestas, isso não acontecerá", disse David Kaimowitz, ex-diretor do Centro de Pesquisa Florestal Internacional (Cifor) e hoje pesquisador na Ford Foundation.
Um estudo recente reportou que mais de um quarto das florestas nos países em desenvolvimento estão sob administração de comunidades locais. É uma tendência da China ao Brasil.
Em Ixtlán, sob as tradições zapotecas, as decisões sobre a floresta e os negócios a ela relacionados são tomadas por uma assembleia de 390 moradores (quase todos homens). Muitos dos problemas que prejudicam outras florestas mexicanas, tais como exploração madeireira ilegal e desflorestamento, mal merecem atenção
Pedro Vidal García
No ano passado, os negócios da comunidade registraram lucro de cerca de US$ 230 mil.Do total, 30% foram reinvestidos, outros 30% foram aplicados na preservação da floresta e os 40% restantes, redistribuídos aos trabalhadores e à comunidade.
Os atuais trabalhadores e administradores das empresas são filhos e filhas dos "comuneros" do passado, mas tiveram o benefício de uma educação universitária.É uma mistura empresarial estranha, reconheceu Alberto Belmonte, que tem a tarefa de localizar novos mercados para a mobília e a madeira produzida por Ixtlán e duas cidades vizinhas."O socialismo puro e simples, que existe nas comunidades, e uma ideia de capitalismo que nos leva a dizer que temos de ser lucrativos."
Muitos dos móveis simples de pinho são vendidos ao governo, e a fábrica está ocupada atendendo a uma encomenda de beliches e armários para um orfanato estadual. Belmonte quer melhorar o design dos produtos e entrar na Cidade do México.Embora os negócios se sustentem, Ixtlán ainda é um modelo
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