26.4.10

Novas Tecnologias Prometem a Reutilização de Carbono

As primeiras idéias que surgiram para solucionar o problema das emissões de dióxido de carbono (CO2) foram do tipo: vamos enterrar esse “lixo” o mais fundo que conseguirmos e esquecer que ele existe. Agora, ganha força o conceito de reutilizar o carbono para os mais diversos fins trazendo ele de volta para a cadeia de produção. Vem de Ontário, no Canadá, uma dessas novas idéias, com a promessa de tornar mais limpa e sustentável a indústria do cimento, que sozinha emite cerca de 5% de todos os gases de efeito estufa do planeta. A cimenteira de St. Marys se tornou a primeira do mundo a transformar suas emissões de CO2 em biomassa através de um processo utilizando algas. A idéia de usar algas para capturar CO2 não é novidade, mas somente recentemente os primeiros projetos com esse método começaram a sair do papel. Pela tecnologia, desenvolvida pela empresa Pond Biofuels e com os detalhes ainda mantidos em sigilo, uma instalação é montada ao lado da cimenteira para servir de local para o crescimento das plantas. As algas são organismos com um desenvolvimento acelerado e que capturam quase o dobro de seu peso em CO2. Depois de saturadas de CO2, as algas são secas utilizando o próprio calor resultante da indústria e são então utilizadas como biomassa para gerar energia. O processo ainda está na fase piloto, mas o presidente da Pond Biofuels comemora já poder colocá-lo em prática. “Para resolver o problema das emissões precisamos de uma solução industrial e não algo que funcione apenas em laboratórios. Em ambientes controlados você alcança resultados que muitas vezes são muito diferentes na vida real”, explicou Terry Graham. Corais Em outra tecnologia que pretende reutilizar o carbono, a empresa Calera afirma ter desenvolvido um processo que transforma o CO2 em uma espécie de cimento para a construção civil. A idéia teria surgido da observação dos corais do Caribe que utilizam o CO2 nos seus esqueletos. A empresa se nega a divulgar maiores detalhes do processo, mas afirma que ele combina o CO2 com a água do mar, que contém cálcio, magnésio e oxigênio. Assim, se obtém o carbonato de cálcio ou o carbonato de magnésio, os quais são utilizados para a produção do cimento ou agregado. A Calera pretende misturar o seu produto com cimento convencional para torná-lo mais atrativo para os consumidores. A intenção é vender o “cimento de CO2” para a construção de pavimentos. A invenção já ganhou destaque na imprensa, sendo motivo para uma reportagem no New York Times. Petróleo Vem também do Canadá uma iniciativa que promete usar o CO2 para extrair petróleo de poços já abandonados. O projeto de US$ 1 bilhão com previsão de ser concluído em 2012 irá criar uma rede de tubulações de 240 km de Edmonton, província com grande número de indústrias, até o centro de Alberta onde estão os poços. Além de servir para armazenar o CO2 não permitindo que ele chegue à atmosfera, existe a esperança de que o carbono aja como uma espécie de solvente, retirando o petróleo que ainda está impregnado nas rochas. “O que precisamos é que o preço do barril do petróleo siga acima de US$ 60, o que parece muito provável nos próximos anos, para que todo o projeto seja lucrativo”, afirmou Susan Cole, líder da iniciativa. “O carbono é um elemento útil, não um problema de que tenhamos que nos livrar. Temos diversas possibilidades para ele. No caso aqui em Alberta ele irá possibilitar a extração de petróleo que de outra forma estaria perdido para sempre”, afirmou Ian MacGregor, presidente da North West Upgrading Inc, uma das financiadoras da rede de tubulações. Gás Limpo A própria CarbonoBrasil vem desenvolvendo nos últimos anos em parceria com Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) uma tecnologia que aproveita esse conceito de reutilizar o carbono. O "GásLimpo CleanGas" transforma gases da combustão, como CO2, CO, N2O2, NOx, SOx, CxHy e outros, em substâncias reaproveitáveis e não poluidoras, como oxigênio, hidrogênio e nitrogênio gasosos, além de carbono e enxofre sólidos. A tecnologia usa a ionização térmica, um processo para redução de resíduos conhecido como jato de plasma. As moléculas dos gases são ionizadas devido às altas temperaturas (entre 3 mil a 50 mil graus centígrados) e à velocidade do jato (até 21.600 km/h), o que leva a degradação (quebra) com alta eficiência. Em uma segunda etapa, com o esfriamento da mistura gasosa, os elementos se recombinam formando novas substâncias de menor peso molecular. Os produtos resultantes do processo são retidos por filtros. O carbono e o hidrogênio podem ser utilizados como combustíveis e o oxigênio como comburente, inclusive nos fornos de termoelétricas, siderúrgicas, cimenteiras e outras. O carbono ainda pode ser utilizado como matéria-prima de pigmentos de tintas, na produção de pneus e em polímeros em geral. O "GásLimpo CleanGas" ficou entre as 12 soluções mais inovadoras para os efeitos de mudanças climáticas do concurso Climate Change Challenge do Financial Times e Forum for the Future em 2009. A tecnologia foi a única brasileira selecionada pelo júri entre cerca de 300 propostas recebidas de todo o mundo. Fonte: CarbonoBrasil

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